quarta-feira, maio 31, 2006

COMO NÃO FUI EU QUE FIZ ?

Milton Nascimento é um dos meus músicos preferidos, sensível, delicado, observador. Em uma de suas canções diz, "Como não fui eu que fiz?" (Certas Canções - Milton Nascimento/Tunai), abismado por reconhecer em outro trabalho, um reflexo seu. Musicalidade que poderia ser sua, composição que poderia ser sua. Sinto-me assim, muitas vezes, aos domingos pela manhã, faça chuva, faça sol, ao ler as crônicas de Martha Medeiros. “Como não fui eu que fiz?”.

Me revitaliza, inquieta, alimenta como todo bom texto cujas palavras, cada uma delas, fortalece a outra, cheias de significado, plenas de valor. Os temas cotidianos são os mais prazerosos, já que tenho uma ligeira queda pelas coisas simples, triviais, que quase sempre passam despercebidas. As árvores floridas de amarelo, esquecidas entre os prédios, ônibus, barulhos e sinais indicam o mês do ano e, às vezes, me enganam. Os sentimentos também me encantam. A emoção de ouvir histórias de outros tempos, contadas por avós que por momentos voltam a pular corda, a se enfeitar para um primeiro encontro, a suar de prazer. Como são maravilhosas as emoções de sempre, vivenciadas de tantas maneiras diferentes, tão iguais, absolutamente únicas.

Ler Martha Medeiros é assim, tão comum e totalmente ímpar. Meu deleite é partilhado com os filhos e o marido, que se emocionam com minha emoção e já aguardam os domingos, ansiosos como eu.

Leiam Martha Medeiros. Deixem-se invadir por suas palavras. Arrisquem-se a apreciar mais a vida, a ter menos certezas, a flertar com a dúvida.

Leiam Martha Medeiros. Ela é um excelente caminho de reflexão

Martha Medeiros escreve para a REVISTA, de O GLOBO, aos domingos.
E-mails para contato são:

cartasrevistaoglobo@oglobo.com.br
martha.medeiros@oglobo.com.br

Lu Abbondati

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