domingo, janeiro 06, 2013

Problemas técnicos com o Blog

O Blogger está com problemas, dificultando a edição e a colocação de novos posts.

Estamos tentando resolver esta questão e é por isso que não temos postado recentemente.

Aguarde que veremos como as coisas se encaminham.

A todos um Feliz 2013!

Lucio e Lucia


sábado, abril 28, 2012

O BRASIL E O RACISMO COMO POLITICA DE ESTADO

Dentre todas as formas de discriminação que pode ser aplicada ao ser humano, o racismo é uma das que mais me repugna, pois classifica pessoas como inferiores levando em conta a sua aparência.
Julgar que alguém é deficiente, incapaz ou incompetente tomando como base a cor que este traz de berço, é característica própria de quem traz profundos recalques em seu caráter, fruto talvez da incapacidade de olhar todos os seres humanos como iguais. No fundo, tal conduta exprime de forma clara, a falta de ética e a admissão explícita do preconceito.
Na história da humanidade, a aparência, a origem, o sexo, a crença e a condição sócio-econômica de muitos seres humanos muitas vezes foram usadas como forma de discriminar, humilhar e subjugar parcelas da população, baseando-se na premissa de que alguns são, podem e devem ser considerados inferiores a outros.
Partindo da premissa de que são diferentes dos demais, judeus, negros, asiáticos, aborígenes, árabes, louras, nordestinos, homossexuais, indígenas, mulheres, obesos, serviçais e tantos outros grupos de seres humanos foram considerados inferiores em nossa história, apenas por que destoam em algum quesito do grupo que se encontra na hegemonia do poder.
Indo de um pólo a outro, não podemos deixar de lembrar que assim também já foram considerados igualmente inferiores os ocidentais (pelos russos da guerra fria), os soviéticos (pelos ocidentais), os brancos (pelos japoneses da segunda-guerra mundial), os cristãos (pelos radicais muçulmanos de hoje e pelos mouros do passado), os descendentes dos  italianos, alemães e japoneses (durante a segunda-guerra), os gauleses (pelos romanos), os chineses (pelos japoneses), os astecas, maias e incas (pelos espanhóis), os índios americanos (pelos que avançaram em direção ao oeste) e etc, etc, etc...
Somando-se os grupos descritos no parágrafo anterior com os do precedente, teremos então na história discriminatória da humanidade, praticamente todos os seres humanos enquadrados na categoria tanto de segregador quanto de segregado, mudando-se apenas o lado que está por cima, a impor o preconceito sobre os demais.
Eu, por exemplo, seria discriminado pelos japoneses em 45, pelos soviéticos da década de 50, pelos muçulmanos radicais atuais, pelos espanhóis de agora por ser latino-americano e mais presentemente, pelo Supremo Tribunal Federal de meu pais, que determinou que eu e tantos outros brasileiros deveremos entrar automaticamente com uma desvantagem de 20% em nossos pontos no vestibular para o acesso a educação superior, caso eu ouse procurar cursar uma faculdade pública. A mesma que paguei para existir através de meus impostos. O STF, tão magnânimo, ainda me confere o direito de custeá-la, mas dificulta o meu acesso a ela. De certa forma, é maravilhoso perceber como a discriminação não passa apenas de uma questão de perspectiva intencionalmente pervertida.
Biologicamente falando, o conceito de raça resume-se a uma abominação proposta por alguém que busca justificar a diminuição de outrem - algo eticamente indefensável.  Não somos todos seres humanos iguais em nossa condição física, a ponto de nosso sangue servir aos demais nas transfusões? Deveriam receptores de órgãos distinguir a etnia dos doadores, valendo-se de critérios raciais na busca por um transplante? Creio que não. A idéia de diferentes raças entre os humanos, não se sustenta na anatomia.
Por que então, insiste-se em legitimar a discriminação à força, agora sob chancela do Estado? Numa decisão inédita tomada pelo Supremo Tribunal Federal, este fez valer uma nova interpretação da cláusula pétrea da constituição nacional que trata da igualdade humana: admitiu ele a distinção entre seres humanos pelo critério de raça, para justificar uma compensação social. Parafraseando George Orwell em sua obra “A revolução dos bichos”, pode-se dizer que os juízes de nossa suprema corte determinaram que “Todos são iguais perante a lei, mas alguns, de hoje em diante, deverão ser considerados mais iguais que outros”.  Imagino que suas intenções devam ter sido as melhores, mas não posso ignorar que de boas intenções o inferno vai se enchendo todos os dias.
Na história de nosso país, este terá sido um dia marcante, afinal, o Brasil aproximou-se de se tornar um dos poucos países em pleno século XXI, a buscar o racismo como conduta chancelada pelo estado. Temos até um Ministério da Igualdade Racial, que em tudo faz para ressaltar nossas diferenças. Através de sua decisão, o STF considerou que todas as pessoas com maior pigmentação de pele são incapazes de poderem obter aprovação nas provas de acesso a universidade por seu próprio mérito, presumindo-se que a deficiência atávica oriunda da cor da epiderme, lhes conferiria um estado de incapacidade e portanto, necessitariam estes ser “ajudados” no resultado das provas, obtendo um bônus que compensasse uma pretensa “inferioridade genética”. Acho que nenhum país ainda havia intentado medida neste sentido, incluindo-se aí os Estados Unidos em suas políticas afirmativas, já que lá, procurava-se dar acesso à universidade àqueles que eram terminantemente proibidos sequer de freqüentar o recinto acadêmico (coisa nunca ocorrida no Brasil pós-escravocrata).
O caso brasileiro era até esta decisão do Supremo, uma simples questão de incompetência do Estado no ministrar educação de forma consistente. Com a atual sentença, determina-se por lei uma suposta incompetência racial, que requisitaria para as pessoas de maior pigmentação, o mesmo tratamento designado aos portadores de deficiência física. Se isto não for revoltantemente discriminatório, não sei mais o que é.
Quando lembro de meus heróis, o reverendo Martin Luther King e a professora Marva Collins falando sobre a igualdade de oportunidades para toda a raça humana, sei que eles não imaginariam considerar as pessoas de cor negra como mentalmente deficientes e incapazes de poder ascender profissionalmente sem a “ajudinha” das cotas. Tal idéia provavelmente lhes revoltaria o estômago.
A não ser aos olhos dos racistas, a cor da pele não determina competência ou incompetência. Estão errados tanto os que discriminam os negros negativamente, quanto os que agora os discriminam “positivamente” com uma reserva de acesso, ao considerá-los “coitadinhos” que não entrariam na faculdade se não fossem ajudados.
Tudo o que vejo é mais uma tentativa de remendo mal acabado, para que o péssimo e desigual ensino que prepara alguns e exclui outros do aprendizado, continue tal como está. Nenhum bônus como este irá erradicar o analfabetismo funcional, o mal ensino, o currículo irrelevante, o descaso e a incompetência das autoridades com a educação, o despreparo e o desinteresse para as reformas necessárias nas escolas mal aparelhadas, seja em sua estrutura ou em seus profissionais despreparados e mal remunerados.
Não nos esqueçamos que os estudantes de hoje, serão os profissionais de amanhã que irão competir por vagas. E se os empregadores presumirem que estes só entraram na faculdade pelo bônus conferido por sua aparência, deixarão de ser contratados em detrimento dos que entraram por mérito, gerando uma nova classe de párias sociais que viverá o pior dos infernos, pois implicará num rótulo eterno de incompetência, chancelado pelo atual Estado Brasileiro.
Chocou-me nenhum dos ministros do Supremo ressaltar a incompetência do Estado em suas atribuições ligadas à educação, como causa preponderante da reduzida presença de pessoas oriundas da escola pública e principal fator na exclusão social de acesso às universidades. Escolheram estes o caminho mais fácil: atribuir aos que tem a maior pigmentação de pele, a incompetência para entrar nas universidades públicas por seus próprios méritos. Nenhum deles levou em consideração que se o estado tivesse provido o que de fato deveria ter sido sua obrigação, todos teriam entrado na universidade pela porta da frente, sem a necessidade de um artificial favorecimento.
Deixou-me pasmo também, que em momento algum os ministros tivessem especificado em sua argumentação, quaisquer das cláusulas presentes no Capítulo I, Artigo 5 da Constituição de 88, que trata dos “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, como referência para negar a igualdade entre brasileiros. Estes provavelmente não o fizeram, por que lá não encontrariam guarida para justificar suas decisões, baseando-se apenas em sua própria opinião para emitir o voto.  Se a função do Supremo Tribunal Federal não é mais defender o texto da Constituição Federal em seus termos, abdicando de ser o principal guardião da lei máxima do país, então estamos entrando de fato no perigoso campo do Estado de Exceção, onde leis deixam de ser referência, em prol das opiniões pessoais e políticas.
Seres humanos são e continuarão iguais em sua biologia e demandas, mesmo que algumas pessoas teimem em classificá-los em diferentes grupos. Ao Supremo de nosso país, deixo como lembrança da igualdade humana, o monólogo de Shylock, personagem de William Shakespeare, em sua peça “O Mercador de Veneza”, ato 3, cena 1, onde poderíamos trocar a palavra judeu por humano, com igual peso e sentido:

“Sou um judeu. Não tem olhos um judeu? Não tem um judeu mãos, órgãos, dimensões, sentidos, afeições, paixões; não nos alimentamos com a mesma comida, nos ferimos com as mesmas armas, não estamos sujeitos às mesmas doenças ou curas pelos mesmo meios, não nos aquecemos ou nos resfriamos pelo mesmo inverno e verão como um cristão? Se nos picarem, não sangraremos? Se nos fizerdes cócegas, não riremos? Se nos envenenarem, não morreremos? E se nos tratarem mal, não nos vingaremos?  Se somos como vós em tudo o mais, nós nos pareceremos convosco também nisso.”

“I am a Jew. Hath not a Jew eyes? Hath not a Jew hands, organs, dimensions, senses, affections, passions; fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, heal'd by the same means, warm'd and cool'd by the same winter and summer, as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh? If you poison us, do we not die? And if you wrong us, do we not revenge? If we are like you in the rest, we will resemble you in that.”
The Merchant Of Venice Act 3, scene 1, 58-68

Lucio Abbondati Junior

sábado, abril 07, 2012

ÁLBUM DE FIGURINHAS COMO FONTE DE CULTURA

Quando eu era jovem, numa época onde a internet sequer havia sido pensada, obter informação era um luxo nem sempre acessível. Descobrir o que o mundo tinha a oferecer, que lugares fascinantes apresentava ou como as coisas aconteciam e funcionavam, eram perguntas difíceis de responder.

Livros raramente eram encontrados na fartura que temos hoje nas livrarias e mesmo se existissem, frequentemente custavam preços proibitivos para as finanças de meus pais. As bibliotecas públicas e dos colégios demoravam décadas para atualizar seus acervos, o que levava a nossa curiosidade a ser saciada através de centenas de perguntas às pessoas certas, que no caso compreendiam as que combinavam conhecimento e paciência para nos responder.

Os álbuns de figurinha entraram em minha vida exatamente neste cenário, cumprindo o papel de trazer conhecimento e ilustrar o que havia acontecido no mundo. O problema é que colecioná-los não garantia completá-los, pois o dinheiro para isso nem sempre estava disponível para abrir pacotinhos a toda hora. As que eram fabricadas na época, não eram auto-adesivas nem apresentavam imagem fotográfica, mas isso compensávamos com um bom tubo de cola polar e muita imaginação. Ainda que fossem assim, estas eram desenhadas por ótimos ilustradores, que reproduziam com um traçado hiperrealista, o conteúdo previsto pelo tema.

Lembro-me com carinho de vários deles, principalmente os que eram confeccionados pela Bruguera, vinculada a editora Íbis de Portugal. Seus álbuns preenchiam os claros em meu conhecimento, despertando em mim a paixão pelo aprendizado. Dentre os exemplos que ela publicou, alguns se tornaram marcantes para mim:

BANDEIRAS E UNIFORMES foi um deles. Ilustrava os pavilhões dos diversos países do mundo, um pouco de sua história e costumes, além é claro, da parte que mais fascinava os meninos como eu, que brincavam com soldadinhos de plástico – uniformes militares de todas as épocas e países. Colecioná-lo, pelo menos para mim que tinha pais ralando no dia a dia, era quase impossível, pelo custo que impunha para ser completado, mas sendo eu um garoto que podia improvisar, vislumbrei uma saída que acabou funcionando. Eu era muito bom jogando bolinhas de gude e sabia disso. Já meus colegas, não jogavam tanto assim e muitos deles colecionavam o álbum, dispondo de centenas de duplicatas. Eu aproveitava a hora do recreio no tradicional colégio Maia Vinagre e partia com minhas bolinhas nos bolsos para o pátio de terra, a fim de desafiar quem lá estivesse para um jogo de búlica (três buracos no chão, aos quais você tem que acertar sucessivamente com as bolinhas, atingindo as dos demais competidores de forma a capturá-las). Ao findar cada manhã com bolsos cheios pelas vitórias, eu olhava os maços de duplicatas que meus colegas portavam e perguntava aos derrotados se não gostariam de reaver suas bolinhas perdidas, em troca das figurinhas repetidas que sobravam em suas mãos. E assim fui eu, obtendo de 10 a 20 figurinhas por dia para encher meu álbum com as que me faltavam, até que eu o completasse.

MARAVILHAS DO MUNDO foi outro, que no Brasil trazia um “plus” em relação ao publicado em Portugal, onde era vendido em duas partes distintas “Maravilhas da Natureza” e “Maravilhas feitas pelo Homem”. Aqui, estes compunham uma única obra.

Através dele e de minha imaginação, pude viajar sem sair do lugar para países exóticos e distantes, museus e em alguns casos, até atravessar o tempo em direção ao passado, observando prédios que não mais existiam, como o túmulo de Mausolo (que deu origem à palavra mausoléo); o Farol de Alexandria; o Colosso de Rodes, os Jardins suspensos da Babilônia e muitos outros. Nos museus, observei o enorme meteoro que havia caído do céu, a estátua da Vitória da Samotrácia (que se encontrava no Louvre) e nas maravilhas naturais descobri que haviam glaciares, a Torre do Diabo, as gigantescas árvores sequóias e tantos outros nomes e lugares, que me levaram a descobrir que o mundo era muito mais vasto do que era possível enxergar em minha cidade natal.

Tal como o Bandeiras e Uniformes, este também ganhou uma história, assim como todas as coisa marcantes que desfrutamos na vida, afinal, objetos são apenas coisas sem sentido, até que alguém acrescenta a ele alguma vivência e o torne parte de seu enredo de vida. Um de meus tios era um bon vivant que sabia apreciar as boas coisas que a vida oferecia e que namorava uma moça muito gentil e paciente, que costumava conversar comigo todos os domingos. Ela comprava o jornal O Fluminense, que justamente nestes dias, ostentava em suas páginas, um concurso em que trazia pequenos fragmentos de fotografias de vários prédios do mundo, dando apenas uma pequena pista de sua origem. Eu, curioso, olhava as fotos e através do que vira em minhas figurinhas, comecei a perceber similaridades entre estas e os prédios ali descritos. Ela então, perguntou-me se eu seria capaz de identificar a origem de cada pista publicada, para que ela pudesse concorrer ao prêmio oferecido; um tour pelos vários países da Europa (crianças não podiam concorrer, infelizmente). E assim eu o fiz, levando-a a ganhar o concurso, demonstrando que meu álbum tinha seu valor!

Já com outro, NOSSO MUNDO, descobri o que cada país produzia, seus trajes típicos, sua morfologia e localização, além de seus animais, hábitos e comidas típicas características. Este eu até consegui comprar os pacotinhos, mas o raio da figurinha 59 não saia de jeito nenhum! Foi então que um dia, já estudando no Colégio Salesianos e me preparando para voltar para as aulas após o recreio, descobri um garoto de outra turma com um maço de duplicatas em mãos, se dirigindo à sua sala. Perguntei se podia olhar seu bolo e qual não foi minha surpresa, pois bem em cima em suas mãos, encontrava-se ela, a famosa “figurinha difícil”. Surpreso com a minha euforia e pelo tempo que eu disse procurá-la, ele comentou que aquela era uma das mais comuns e que a toda hora ele a retirava dos pacotinhos. Mostrei-lhe então minhas duplicatas para a troca e ele me disse que tinha todas, desinteressando-se de imediato. Foi então que aprendi várias lições que levei para a vida:

- O que consideramos difícil, é apenas uma questão de perspectiva, pois para outra pessoa, pode ser uma trivialidade facilmente obtida.

- O que nos separa da obtenção de algo que desejamos, depende muito de nossa persistência na busca e principalmente, da disposição de negociar com quem pode nos fornecer o que procuramos. Tudo na vida é negociação; uma questão que pode ser resolvida pela descoberta do que interessa ao outro, de forma a poder oferecer vantagens equilibradas, que levem ambos a obter o que procuram.

E assim eu o fiz com a 59, oferecendo todo o meu maço de duplicatas sem valor, pela única que poderia completá-lo. Na troca, ofertei-lhe a possibilidade de duplicar o número de figurinhas que poderia utilizar para barganhar com outros, de forma que este aumentasse suas chances, enquanto ele me permitiria o triunfo de conseguir minha coleção completa.

Ao folheá-los hoje, tão diferentes dos inconseqüentes álbuns da atualidade, lembro-me do processo que me levou a completar cada um deles, despertando o meu lado inquiridor, na busca de mais conhecimento. E é com carinho, que percebo que o aprendizado reside apenas onde o estímulo à curiosidade e o interesse habitam. Propiciá-lo, é essencial.

Lucio Abbondati Junior

terça-feira, abril 03, 2012

ENTREVISTA NO PROGRAMA QUEBRA-CABEÇA, NO GNT 2012

Segue aqui um trecho de minha nova participação no program Quebra-Cabeça do canal GNT, que é apresentado por Chris Nicklas e que foi exibido hoje, 03 de abril de 2012, abordando a importância dos mitos e lendas na vida e na formação das crianças.


E aqui, o link para um trecho da entrevista que dei ao programa Quebra-Cabeça inaugural da GNT, em 2011, no qual também participei.

Lucio Abbondati Junior

sábado, março 31, 2012

O PRAZER DA LEITURA

Vi nos jornais desta semana, que os brasileiros lêem cerca de dois livros por ano (assim mesmo, um deles incompleto), sendo que pela mesma matéria, aprendo que dentre todos, a Bíblia foi a obra mais lida. Uma vez que ela não é um romance a ser lido como uma história, com início, meio e fim, teremos então que aceitar a dura realidade, de que na verdade, não devem estar lendo um livro inteiro sequer por ano.

A pergunta que ninguém faz, é por que os brasileiros leriam mais, se são forçados desde cedo a odiar os livros, pela compulsoriedade com que estes são tratados nas escolas? Lá, crianças são levadas a força, a engolir o cardápio de obras escolhido pelo programa do Ministério da Educação, com direito a ter seu conteúdo cobrado em prova e testes. São obras que, afirmam os pedagogos de plantão, foram escolhidas por seu conteúdo “literário relevante”. Seguem estes a mesma cartilha usada no preparo da comida de um hospital – nutritiva, mas com sabor invariavelmente intragável.

Como incentivador da leitura, o MEC continua um zero a esquerda. Sua ementa não cogita em momento algum, incentivar o prazer pela leitura, a alegria pela descoberta ou a beleza de se poder visualizar imagens através das palavras. O ministério não parece considerar isto relevante ou educativo. Como querem então, que brasileiros leiam mais?

Ninguém atentou ainda por lá, que o fato mais marcante da literatura do fim do século XX e início do XXI, foi o despertar da voracidade pelos livros entre os jovens, ocasionada pela série Harry Potter, da escritora inglesa J.K. Rowling. Ela fez com que estes avançassem felizes sobre volumes com 500 ou 600 páginas, sem serem obrigados a isso. E tal como já ocorrera nas décadas de 40 ou 50 com “O Senhor dos Anéis” de J.R.R. Tolkien, muitos autores recentes continuaram incentivando a leitura pelo prazer, como “A saga crepúsculo”, da autora Stephanie Meyer (2005), “Percy Jackson e os olimpianos”, de Rick Riordan (2005) e “Jogos Vorazes“, da escritora Suzanne Collins (2008), podendo também citar aqui os brasileiros, Paulo Coelho e Thalita Rebouças.

Estes livros vendem milhões de exemplares em todo o mundo, sem a compulsoriedade escolar, transformando alegres compradores em vorazes leitores.

Muitos deles até foram filmados posteriormente, possibilitando estabelecer uma comparação entre as duas mídias. E qual não foi a agradável surpresa, ao descobrir que aos olhos de seus leitores, os livros foram considerados muito melhores, mostrando a relevância da palavra escrita como essencial incentivadora da imaginação e do prazer pessoal.

Os verdadeiros “universos” literários, são lugares vastos e intrigantes, que estimulam seus leitores a explorá-los. Não importam apenas pela forma como são escritos (o aspecto mais ressaltado nas salas de aula), mas também pelo que permitem ao leitor visualizar em suas mentes. Limitar sua indicação a isso nas escolas,,é como valorizar mais os andaimes de uma construção, em detrimento do prédio em si.

É na paixão pelo imaginar, esquecida nas ementas escolares, que repousa o interesse e a atração pelos livros, que leva adultos a rejuvenecerem suas idéias e crianças a amadurecer seus conceitos. Ler, cogitar, trocar idéias e discutir sobre livros, são práticas de pessoas apaixonadas pelo assunto. Converter isto em uma obrigação, é como exigir que uma criança brinque à força. Ela odiará.

Pessoas como eu, minha esposa e filhos, que procuramos livrarias atrás do próximo “universo fascinante”, sequer são levadas em conta pelos números oficiais, pois ler de cinco a oito livros por mês, pelo prazer que proporcionam, nos torna apenas uma aberração estatística. Sobreviventes que somos da má prática escolar, nos tornamos vorazes leitores unicamente por que nossos pais ouviram nossos interesses e nos alimentaram com obras que pudessem nos encantar.

E tal como aconteceu conosco, outros sobreviventes também fizeram da leitura um hábito delicioso. Somos exceções que poderiam se tornar a regra, se a conduta escolar valorizasse mais o interesse e a imaginação, do que apenas a vertente literária em que foi classificada cada autor e sua obra.

Lucio Abbondati Junior

quinta-feira, março 29, 2012

IPAD 3 - VELHA MENTALIDADE EM NOVA EMBALAGEM

O problema com os mitos, é que seus acólitos não admitem a mera possibilidade da existência de falhas. Tudo que envolve um mito é e deve permanecer maravilhoso, para que fervorosos devotos possam a cada dia, justificar sua adoração. Mesmo que ao preço da cegueira auto-imposta.

Assim é com cada religião, ideologia política, times de futebol do coração ou produtos e personalidades ligados à Apple: nenhuma verdade deve se interpor no caminho da adoração.

Quando se fala do fenômeno fã, devemos lembrar sempre que estamos saindo do campo da racionalidade e entrando no da idolatria, onde não se admite senões em seus ídolos.

Para fãs, tudo bem se a história demonstra que a esquerda transformou grandes países em enormes gulags e seus políticos roubam da mesma forma que a direita; se um gol é marcado com a mão para garantir vitória do time; se um sacerdote se aproveita de menores ou rouba dos fiéis; ou mesmo se um produto lançado, é na verdade uma linda algema que aprisiona o direito do usuário.

Nada disso importa, pois ídolos não erram! Estes tem sempre razão, mesmo que transcendam a ética. E os acólitos existem para defendê-los e referendar suas práticas, sacrificando seus preceitos no altar onde homenageiam seus ideais. Que peso poderia ter a realidade, na grande ilusão em que vivem? Para eles, basta a velha justificativa do filme de faroeste “O homem que matou o facínora” (“The man who shot Liberty Valance”), “Quando a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda".

O fato de Steve Jobs nunca ter programado nada ou criado nenhum dos equipamentos que tornaram a Apple notória, não deve obscurecer o crédito que tomou de seus engenheiros, quando se divulga que era um gênio na computação.

O fato de que o Steve genial era o Wosniak, este sim o gênio por trás dos computadores originais que deram fama a Apple, não deve diminuir os holofotes que atribuíram a Jobs a “maestria” na informática. Sendo este um extraordinário profissional de marketing, isso ele realmente era, sua memória não deve ser ofuscada pelo aprisionamento que impôs a seus consumidores, roubando-lhes a liberdade de usar o equipamento comprado como desejassem. Afinal, se por um lado vendeu-lhes grilhões que os acorrentassem à Applestore, é preciso admitir, que estes eram visualmente muito bonitos e elegantes, agradando a masoquistas de todas as idades, que chegaram a esperar de madrugada nas portas das lojas, o direito de poder comprar a mais nova “coleira” à venda, do último modelo, que assim como os outros lançados anteriormente, superaquece, continua sem uma entrada USB ou acesso a cartão de memória e necessitando de um Jailbreak para rodar programas livremente, pelo qual cada comprador perderá a garantia, se se atrever a utilizá-lo. Ipad 3, “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.

E quanto mais assisto ao espetáculo do marketing da ilusão que engana fervorosos devotos, mais me lembro da velha frase atribuída erroneamente a PT Barnum, dono do famoso circo americano Barnum & Bailey, que falsificou uma cópia de uma outra falsificação e a “vendeu” ao honorável público como legítima: "There's a sucker born every minute" * (Nasce um otário a cada minuto).

Lucio Abbondati Junior

*o autor original da frase é David Hannum, proprietário da fraude que Barnum copiou e

vendeu como sendo o “autêntico” Homem de Cardiff

quarta-feira, março 28, 2012

MILLÔR PARTE DEIXANDO SAUDADES


Em homenagem ao mestre Millôr Fernandes, que completou com maestria o seu papel nesta realidade partindo para a próxima, deixo aqui um de seus mais inspirados Haikais, que parece baseado em sua própria história:

"Aquele que vive demais, morre de menos?"

Àqueles que queiram ler mais uma crônica inspirada dele, cliquem neste link.

Lucio Abbondati Junior

quarta-feira, outubro 26, 2011

PALESTRA SOLUCÕES PARA PAIS DE ADOLESCENTES

(clique na imagem para ver melhor)

quinta-feira, setembro 22, 2011

PALESTRA CÉREBRO DO PRAZER NO INSTITUTO DELPHOS

(Clique na imagem para ver melhor)


domingo, agosto 28, 2011

UM LINDO AGOSTO TRANSFORMANDO O MUNDO

Esta foi uma semana muito gratificante e cheia de alegria.

Na segunda-feira, 22 de agosto, abrimos o SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho) do Santuário Nacional de Aparecida, SP, com a nossa palestra “O cérebro do prazer e a conexão criativa”, para centenas de funcionários de diversas áreas de atuação. Na palestra enfocamos a importância de cuidar-se primeiro, evitando diversas doenças advindas do estresse, demonstrando como nosso organismo funciona e propondo soluções comportamentais práticas e eficientes que cada pessoa pode realizar no seu dia a dia

(Clique nas imagens para ver melhor)

Tivemos uma acolhida muito carinhosa por todos e só temos a agradecer.

Para quem ainda não conhece o Santuário Nacional de Aparecida, vale a visita.

Nós adoramos!

Na 6ª. feira foi a vez do Workshop “Jogos e Soluções Interativas” no Hub-Escola 2011, que aconteceu no Solar das Palmeiras em Botafogo, RJ.

Fizemos uma breve apresentação dos jogos e do brincar na sociedade em diversos momentos históricos e mostramos como podemos nos beneficiar com seu uso regular. Depois, é claro, jogamos! Demonstramos alguns dos nossos protótipos e também usamos jogos que já estão no mercado. A idéia era a de que, baseados nos argumentos que utilizamos na apresentação, os participantes experimentassem os jogos com um olhar diferenciado, mais preparado para ver além da aparência e da percepção inicial. Ampliar o contexto de conhecimentos é fundamental.

Foi ótimo!

No sábado, dia 27, também na agenda de eventos do Hub-Escola 2011, apresentamos a palestra “O cérebro do prazer e a conexão criativa”. Foi muito interessante!

Aqueles que haviam participado do workshop da véspera, surpreenderam-se com as importantes ramificações dos jogos e do brincar nas áreas da saúde, cognição e do prazer pessoal. Está tudo interligado mesmo!

Enfim, conhecemos novas pessoas, fizemos novos amigos e contribuímos para um mundo melhor. Valeu!!

Lucio e Lucia Abbondati

domingo, agosto 07, 2011

UM ÓTIMO MOTIVO PARA CELEBRAR

- Hoje é Dia dos Pais! - disse minha mulher nesta manhã, equivocando-se sobre a data por uma semana. E como me sinto todos os dias como num Dia dos Pais (tenho filhos que adoro e que comigo conversam de forma apaixonada sobre seus interesses), este dia seria como qualquer outro – ou seja – um ótimo dia.

Refletimos então, eu e minha esposa, que não há um dia para glorificar esposas e maridos – algo que para nós é ótimo, já que isso faz com que todos os dias aqui sejam considerados “Dias dos Cônjuges”. E nós os comemoramos por muitos motivos, 365 dias do ano, por cada momento que passamos juntos.

Diz o ditado que, “Para morrer basta estar vivo”, sem qualquer garantia de validade em questão de prazos. Tudo o que temos para nos apoiar todas as manhãs ao sair da cama, é uma “carta de intenções” muito genérica, que diz apenas em teoria, que se pode morrer de velhice (ou não).

Assim sendo, o acordar ao lado de quem se ama é um presente que deveria estar sendo desfrutado. Poder tomar um café da manhã juntos, almoçar, jantar, brincar com os filhos (sejam crianças ou adultos), partilhar momentos, dizer e ouvir que se é amado, são coisas realmente dignas de se comemorar. E diariamente! Lembrem-se, são as pequenas coisas que podem deixar de ocorrer a qualquer momento, que tem o maior valor.

Quando jovem li um livro que me ensinou de uma forma marcante, este fato da vida. Nele, o autor Carlos Castañeda diz que ouviu de seu mestre indígena Don Juan, que todos os seres que vem ao mundo ganham um companheiro ao nascer. Castañeda arrematou o ensinamento dizendo que já sabia disso, completando que de onde ele vinha, estes eram chamados de anjos, ao que Don Juan logo retrucou, negando a comparação. Disse ele, que este “companheiro” pessoal e intransferível, não estava ali para proteger o nascido, não interferindo em sua vida em qualquer aspecto que fosse, seja para conduzí-lo a um bom caminho, motivá-lo, aconselhá-lo ou evitar que este entrasse em apuros. Castañeda então perguntou para que este serviria, já que em nada ajudaria. Don Juan lhe respondeu que ele não estava ali para servir, uma vez que este companheiro era a Morte. Um dia, ele bateria no ombro de quem estivesse acompanhando, dizendo: - Vamos embora?

Caso a pessoa reclamasse, argumentando que era cedo para partir ou que ainda tinha muitas coisas que desejava ou achava que tinha a fazer, a Morte lhe responderia então, que durante todo o tempo em que o acompanhava, não havia interferido em momento algum em sua vida, enquanto este deixara de seguir os sonhos que acalentara, postergando para depois ou para sempre, a sua realização. Ela não censurara o fato dele ter deixado de dizer que amava a quem estivesse a seu lado ou mesmo, quando ficava de papo pro ar na preguiça, desviando-se das coisas realmente importantes que teriam lhe trazido verdadeira satisfação. Não criticara sua busca por “alívios” imediatos, como beber, fumar, drogar-se ou viver de uma forma inconseqüente, ao invés de mergulhar de cabeça na vida que recebera. Por que então, em sua hora e único momento de ação, o homem se acharia no direito de pedir mais tempo? Deveria ter pensado nisso antes de desperdiçar cada um de seus momentos.

A percepção de que a contagem para a morte começa no minuto em que se nasce e que pode acontecer sem qualquer aviso prévio, foi para mim uma revelação! Não dá para guardar ou economizar cada dia que passa, para usar no futuro. Viver (com V maiúsculo!) é uma dádiva concedida pelo nascimento, pela qual devemos agradecer diariamente. Já partilhar a vida com alguém com quem se pode trocar, conversar, desfrutar, amar e curtir momentos, é o resultado de uma escolha pessoal, que deve ser comemorada todos os dias - não apenas de vez em quando. Acorde em sua próxima manhã com isto em mente e faça de seus dias, um motivo para celebração à dois.

Lucio Abbondati Junior

sábado, agosto 06, 2011

SEM CÓDIGO DE BARRA

O que não tem preço? O que é só valor? As coisas intangíveis não têm preço. Experiências, sensações, sentimentos... A que atribuo valor?

SEM CÓDIGO DE BARRA

Dormir uma boa noite de sono

Tirar os sapatos ao chegar em casa, após um dia exaustivo

Saborear uma comida deliciosa e reconfortante

(uma bela sopa num dia frio)

Plantar uma semente e acompanhar seu crescimento

Ouvir e fazer música

Pintar

Solucionar um desafio

Descobrir a pergunta certa

Assistir a um filme antigo pela vigésima vez e se encantar de novo

Brincar com seus bichinhos

Acompanhar as vitórias dos filhos – desde os primeiros passos

Ouvir o vento entre as folhas das árvores

Sentir o frio úmido estando bem agasalhado

Observar os resultados de uma tarefa bem feita

Partilhar suas próprias descobertas

Sentir tesão pelo companheiro, a pele arrepiar

Beber água

Suar

Saber se alimentar do que é vivo e só faz bem

Colaborar sem que o outro precise pedir

Estar atento

E relaxado

Dividir o último pedaço de bolo

Apreciar sua arte e a dos outros

Calar

Ouvir de verdade

Falar com significado

Estar presente

Lembrar das vozes dos que já partiram

Permanecer

Fazer de novo, só que diferente

Buscar palavras que não conhece

Ler todos os livros que puder

Ler para os outros

Saber contar histórias é fundamental

Saber ouvir, também

Sonhar acordado

Andar, abraçar e sorrir

Ter a que se dedicar

Descobrir seu tesouro escondido

Alimentar sua alma

Ser único

Ser todos

Ser

Lucia Vasconcellos Abbondati – em 23 de julho de 2011

sexta-feira, agosto 05, 2011

ENTREVISTA SOBRE A SAÚDE E O ESTRESSE

Segue aqui abaixo, a entrevista que dei sobre a qualidade de vida, a saúde e o estresse, à TV Câmara, da Câmara Municipal de Niterói.

Aproveito aqui para agradecer a gentileza da equipe, que me acolheu com toda a simpatia e carinho.

Lucio Abbondati Junior

quinta-feira, julho 21, 2011

POR OUTRO ÂNGULO IV

Em mais uma apresentação de nossa série OLHANDO POR OUTRO ÂNGULO, sobre as talentosas e criativas alternativas artísticas, temos hoje uma apresentação de Pete, mais conhecido como “The Pete Box”, que usando apenas um violão, sua própria voz cantando e simulando a percussão, mais um beatbox, um looper (um pedal Boss RC-50, loop station) e um reverberador, produz o som completo de uma de suas bandas preferidas, incluindo o back vocal. Tudo ao vivo!

Ele leva o conceito de One Man Show ao seu limite. Com vocês, Pete The Box, apresentando o cover de “Where is my mind”, dos Pixies.


Lucio Abbondati Junior

terça-feira, julho 19, 2011

ENTREVISTA NA REVISTA DO CORREIO BRASILIENSE 8 DE JULHO DE 2011


Em nosso blog irmão "Criador de Jogos", postei a entrevista que dei para a matéria publicada na Revista do jornal “Correio Brasiliense”, no dia 08 de julho de 2011, sobre a importância do exercitar a tomada de decisões que os jogos possibilitam.

Ela pode ser lida na íntegra, clicando-se no seguinte link:

A ARTE DO BRINCAR

Lucio Abbondati Junior

sábado, julho 16, 2011

MATÉRIA NA REVISTA VIDA LEVE - JULHO 2011

Em nosso blog irmão "Criador de Jogos", postei a entrevista que dei para a matéria publicada na Revista Vida Leve, de julho de 2011, sobre o valor dos jogos como elemento de agregação familiar, exercício para o cérebro e motivador para a melhora das relações sociais.

Nela também são abordados os lançamentos de 2011 e o mercado brasileiro de jogos e brinquedos.

Ela pode ser lida na íntegra, clicando-se no seguinte link:

NÃO É BRINQUEDO NÃO !

Lucio Abbondati Junior

sexta-feira, julho 15, 2011

ENTREVISTA NO PROGRAMA QUEBRA-CABEÇA, NO GNT (SISTEMA GLOBO) I

Segue aqui um fragmento da entrevista que dei no programa “QUEBRA-CABEÇA” inaugural, apresentado por Chris Nicklas e que faz parte da nova leva de programas do canal GNT (Sistema Globo) para 2011. Ela fala sobre a superproteção infantil e a relação da criança com o mundo através da experimentação.

Em nosso site irmão, o Criador de Jogos, é possível ver outra parte da entrevista, esta sobre a importância do brincar, tanto para a criança como para o adulto. Ele pode ser visto clicando-se neste link.




Lucio Abbondati Junior

terça-feira, julho 12, 2011

POR OUTRO ÂNGULO III

Prosseguindo com nossa série, "Olhando por outro ângulo", apresentamos hoje outro músico extraordinário do violão, que obtém um som semelhante ao obtido por equipamentos eletrônicos e sintetizadores. E tudo o que ele emprega aqui, é seu mais puro talento. Com vocês, Ewan Dobson, tocando Time 2:


Lucio Abbondati Junior

segunda-feira, julho 11, 2011

DO QUE SOU FEITA?

Aprecio romances policiais e de mistério. Personagens como Poirot, Maigret e Miss Marple, cada um com seu jeito característico, me fascinam por seu entendimento da alma humana, a forma como desenvolvem um raciocínio dedutivo e como, ao final da história, invariavelmente chegam ao criminoso em questão.

Nas séries policiais que também assisto com interesse: Criminal Minds, Castle, CSI, NCIS, Os Mistérios do Inspetor Linley, Lewis, Poirot, Rosemary & Thyme, entre outros, os agentes trabalham nos “profiles”: os perfis dos criminosos, segundo as avaliações de seu modus operandi - se são organizados, metódicos, meticulosos e se agem da mesma forma sob pressão, por exemplo. Também estimam sua idade, raça, meio social, trabalho, relações familiares, sexualidade e outras características mais. Através da observação detalhada e criteriosa das cenas dos crimes, analisam e desenvolvem o caráter e o perfil psicológico do criminoso.

Dessa forma, imaginam sua infância, seus pais e amigos, como eram na escola, o que os encantava e o que os amedrontava. Quais fantasmas se escondiam sob a cama ou dentro do armário, que intervenções humilhantes, de raiva ou de culpa, alimentaram as sementes do monstro interior adormecido, aquele pedaço sombrio da alma que todos nós tentamos manter escondido o máximo possível, até de nós mesmos.

Gosto de pensar que somos o resultado de todas as nossas experiências, nossas escolhas, das lembranças truncadas que mantemos, das percepções das realidades que vivemos. Somos observadores de nós mesmos, em frações de prismas brilhantes pendurados na janela que num momento produz luz, para, no instante seguinte desaparecer.

Assim estamos a cada momento formando um novo eu, com reminiscências de pensamentos do que fomos um dia, com memórias sugeridas de nossas vidas.

Gosto do quebra-cabeças que é definir o perfil de um criminoso, mas como o próprio nome diz, o perfil mostra, quando muito, apenas um lado da história.

Então penso na forja, bigorna, martelo, aço, calor e água, os elementos necessários para fazer uma espada, por exemplo. Toda força, energia, convicção empregadas a cada martelada precisa. Esquenta o aço, bate, molha e resfria. Esquenta de novo e de novo bate, molda, torce, resfria. O que nos forja, atua em nós todo tempo. Sem trégua. Sem descanso.

Somos feitos do que nos forja todo dia.

Talvez por isso, ainda não tenha feito meu perfil no Facebook.

Lucia Vasconcellos Abbondati

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