quinta-feira, novembro 30, 2006

MINHA ESCOLA DE SONHO

Minha escola de sonho teria muito da que ensinou Arquimedes em Alexandria, sem tolher-lhe a criatividade;

Teria professores como Sócrates, que deram espaço e voz a alunos como Platão, sem medo de também aprender com seus discípulos o tanto que pretendiam ensinar;

Teria paredes móveis ou transparentes que não limitassem, confinassem ou escondessem o mundo e o viver, pois é neles que cada aluno irá existir;

Minha escola de sonho não ensinaria o que não pudesse mostrar onde se usa; não limitaria o prazer ao horário do recreio e faria da curiosidade a mola mestra do aprendizado. Nela, a teoria sempre estaria subordinada à prática e decorar não seria uma alternativa necessária.

Minha escola de sonho levaria mais em conta o que pensam os alunos e lhes daria espaço para que pudessem brilhar e demonstrar como vêem o mundo.

Teria a criação e a inventividade como principal disciplina, a qual todas as outras matérias estariam subordinadas, pois é do que ainda vai ser criado que o mundo necessita para se reciclar todos os dias e não apenas do que se aprendeu no passado;

Minha escola de sonho teria como matéria primordial, a capacidade de dialogar, propor idéias, refletir e saber lidar com o outro, já que todos os que ali estão, viverão entre outras pessoas;

E finalmente, minha escola de sonho nunca desprezaria o sonho de cada um de seus alunos e professores, pois é deles que o futuro mais se alimenta.

O sonho seria o verdadeiro norte, prumo e meta de minha escola, pois é a única coisa que faz com que pessoas queiram acordar todos os dias de manhã, ávidos para moldar a realidade em que vivem.

Lucio Abbondati Jr

quarta-feira, novembro 29, 2006

LIVRO - ESPAÇO, TEMPO E ALÉM

Para aqueles que viram o filme “Quem somos nós” (já comentado abaixo neste blog), o nome Fred Allan Wolf não é desconhecido. É aquele físico quântico com ar de professor Ludovico, genial personagem cientista da Disney, que se maravilha ante as descobertas da vida. Ele e Bob Toben escreveram este livro absolutamente fascinante - ESPAÇO, TEMPO E ALÉM – Ed. Cultrix – Pensamento - onde através de uma didática inovadora, ele nos adentra dentro dos mistérios da física quântica, dos fenômenos paranormais e suas possíveis explicações à luz da ciência.

A obra utiliza um sistema realmente muito interessante para explicar cada caso, que deveria ser seguido por todos os livros didáticos que lidam com assuntos espinhosos – o método socrático. Ao apresentar um fato novo sobre um assunto, ele demonstra através de um enunciado curto o que a idéia propõe, exemplifica-o então através de uma imagem simplificada (muitas vezes jocosa) e, após o leitor ter absorvido a informação e compará-la ao que sabe, chegando a suas próprias conclusões, é então encaminhado por letras que permanecem ao fim da página, a páginas no fim do livro onde se encontra a base teórica que fundamenta cada conceito apresentado. A teoria só é inserida posteriormente à fusão do novo conhecimento aos conceitos que cada leitor trás em sua bagagem.

O livro é um achado insubstituível para os interessados no tema e os profissionais da didática muito tem a ganhar no aprendizado de como a informação é passada nesta obra.

Lucio Abbondati Jr

terça-feira, novembro 28, 2006

FALANDO DE MÚSICA BRASILEIRA

A diversidade e riqueza de nossa MPB vem sofrendo interferência cruel e sistemática dos sons do mundo. Os últimos anos trouxeram mais do que protestos sociais. Os sons chegaram plenos de uma violência sonora e verborrágica que pouco lembra melodia, estilo, ritmo e letra características elementares do que considera-se música. Sua expressão pode ser original e legítima, uma referência dramática dos tempos que vivemos, principalmente nos meios urbanos, mas como experiência musical é, no mínimo, lamentável.

Para amenizar tanta agressividade, sugiro o que há de melhor nas canções de um músico brasileiro bem pouco reverenciado a meu ver – Almir Satter.

Descoberto pelo grande público num festival de MPB décadas atrás, foi personagem violeiro em uma novela de grande repercussão nacional, pela extinta Rede Manchete – “Pantanal” – e, então, começou a ser mais tocado e conhecido do público alargando seus horizontes e os nossos.

O cd “Um violeiro toca” é uma jóia para encantar os sentidos. Apresenta com vigor e maestria arranjos e composições de uma beleza rara e plácida, de um Brasil enorme, interiorano, com dimensões intangíveis. São versos de uma poesia forte, significante, vívidos. São canções que em sua pureza tocam a alma, mas não são tolas, como a princípio podem imaginar os citadinos, são pungentes e ricas, e muito belas. Fazem relembrar músicas de Dorival Caymi, Milton Nascimento, Alceu Valença, Amelinha, Taiguara... em que cada um do seu jeito e a seu tempo mantinham esse mesmo lirismo.

É difícil escolher a melhor faixa pois todas são excelentes. Talvez a minha preferida seja “Água que correu”, ou talvez “Varandas”, ou quem sabe...

Lu Abbondati

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