terça-feira, novembro 28, 2006

FALANDO DE MÚSICA BRASILEIRA

A diversidade e riqueza de nossa MPB vem sofrendo interferência cruel e sistemática dos sons do mundo. Os últimos anos trouxeram mais do que protestos sociais. Os sons chegaram plenos de uma violência sonora e verborrágica que pouco lembra melodia, estilo, ritmo e letra características elementares do que considera-se música. Sua expressão pode ser original e legítima, uma referência dramática dos tempos que vivemos, principalmente nos meios urbanos, mas como experiência musical é, no mínimo, lamentável.

Para amenizar tanta agressividade, sugiro o que há de melhor nas canções de um músico brasileiro bem pouco reverenciado a meu ver – Almir Satter.

Descoberto pelo grande público num festival de MPB décadas atrás, foi personagem violeiro em uma novela de grande repercussão nacional, pela extinta Rede Manchete – “Pantanal” – e, então, começou a ser mais tocado e conhecido do público alargando seus horizontes e os nossos.

O cd “Um violeiro toca” é uma jóia para encantar os sentidos. Apresenta com vigor e maestria arranjos e composições de uma beleza rara e plácida, de um Brasil enorme, interiorano, com dimensões intangíveis. São versos de uma poesia forte, significante, vívidos. São canções que em sua pureza tocam a alma, mas não são tolas, como a princípio podem imaginar os citadinos, são pungentes e ricas, e muito belas. Fazem relembrar músicas de Dorival Caymi, Milton Nascimento, Alceu Valença, Amelinha, Taiguara... em que cada um do seu jeito e a seu tempo mantinham esse mesmo lirismo.

É difícil escolher a melhor faixa pois todas são excelentes. Talvez a minha preferida seja “Água que correu”, ou talvez “Varandas”, ou quem sabe...

Lu Abbondati

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