quinta-feira, agosto 06, 2009

COM NOME E SOBRENOME

Outro dia estávamos, Lucio e eu, ministrando uma oficina-palestra para professores na UFF, sobre como e porque utilizar jogos em sala de aula. Falávamos sobre o processo histórico dos jogos como atividade humana nas sociedades em diferentes épocas, o que representavam, o que foi perdido quando o adulto deixou de jogar e brincar, porque isso se deu, enfim, explicávamos a pesquisa que consta em nosso livro para, a seguir, exemplificar com modelos práticos como utilizá-los na rotina diária das aulas.

Em determinado momento, levantamos a questão de que nós, profissionais de educação, ou da área que for, não devemos – em hipótese alguma – confundir nosso valor pessoal, bem como, o valor das atividades que exercemos com o salário que nos é pago por elas. Às vezes é difícil para as pessoas perceberem que são muito mais do que consta no holerite, visto que vivemos em uma sociedade na qual o poder de compra define, para muitos, o que eles são – classes consumidoras ABCDZ.

Alguns dos jovens professores-estudantes presentes não se mostravam muito convencidos de que não era assim na verdade, e que o salário era de fato, o grande motivador do profissional, o que, nesse caso, mostráva-se absolutamente insuficiente e insatisfatório.

Nessas horas, nada melhor do que um “causo” para ilustrar o argumento. Pois então, o que contei lá vou contar agora para vocês.

Há pouco mais de trinta anos, eu estudava no Colégio Pedro II, secção Humaitá. O colégio já havia perdido sua fama e excelência como centro reprodutor de conhecimento, e, na verdade, estava em plena decadência. Apesar disso, continuava sendo bastante procurado por ser um colégio federal, de ensino “gratuito”. Lá tive muitos professores, a maioria, esquecível. Dois, no entanto, me marcaram profundamente e são eles meus exemplos para o tópico em questão – somos muito mais do que uma cifra no final do mês.

O primeiro, era um homem alto, bronzeado, supostamente professor de geografia; sim, supostamente, pois ele entrava na sala de aula exigindo silêncio para que pudesse ler sossegado seu jornal de esportes. Para isso então, nos mandava ler e fazer os exercícios do livro, das páginas tais e tais, e isso era sua aula. O ano todo suas aulas foram assim.

A segunda, era uma mulher morena, ágil, vibrante, Professora de Comunicação e Expressão, seu nome: Maria Helena Godóy. É, lembro do nome e do sobrenome, impossível esquecer! Porque foi uma pessoa admirável, extraordinária, absolutamente comprometida com seu papel de educadora, de agente de transformação do mundo. Suas aulas eram concorridíssimas, frequentadas inclusive por alunos de outras turmas, porque o aluno sabe quando o professor realmente se importa pelo que está fazendo. O aluno sabe reconhecer o empenho, o entusiasmo, a dedicaçao do professor que não está ali apenas batendo ponto, burocraticamente, esperando a aposentadoria chegar; limitando-se a fazer sempre o mínimo”porque não lhe pagam para ser melhor”, para fazer o máximo, para a excelência.

Maria Helena Godóy era a professora mais querida, a mais aguardada, a que deu sentido às palavras, a que nos mostrou o poder da linguagem, a força imperiosa do idioma para a comunicação e para os relacionamentos. Ela me ensinou a amar os tempos de verbo, que antes apenas decorava, bem como a reconhecer valor em textos que pareciam maçantes, dando-lhes contexto e significados. Ela estava sempre tão presente, tão brilhante, tão envolvente, tão viva, que em suas aulas agigantava nossas mentes, a sala de aula, as paredes e os bancos que depois, sem ela, retomavam sua opacidade vencida.

A Professora Maria Helena Godóy lecionava no mesmo colégio que o outro; tinham idades semelhantes e provavelmente o mesmo tempo de magistério, entretanto, ela sabia que valia muito mais do que recebia no contra-cheque ao fim do mês. Ela sabia de si mesma, de sua paixão, de seu papel de poder em sala de aula. Ela valorizava a si mesma e a nós, ao seu tempo e ao nosso, a sua mente apaixonada e a nossa que tanto precisava daquela paixão. Por isso lembro – nome e sobrenome. À Professora Maria Helena Godóy minhas saudades e eterna gratidão, porque ensinou-me mais, muito mais do que letras e palavras, ensinou-me o valor de ser presente, por inteiro, e isso não cabe em nenhum contra-cheque.

Lucia Vasconcellos Abbondati

quinta-feira, julho 30, 2009

ADORAMOS A ESTADIA E, CLARO, PRETENDEMOS VOLTAR!

Em julho tivemos, Lucio e eu, o grande prazer de conhecer a cidade de Cachoeiro do Itapemirim (ES) conhecida por muitos por ser a terra natal de Roberto Carlos, que já a cantou em prosa e verso.

Itapemirim é o nome do rio que corta a cidade e que possui muitas pedras que forman pequenas corredeiras, por isso o cachoeiro, aquele que encachoeira.

A cidade fica num vale em meio a serras e pedras altas, com uma gente muito simpática e acolhedora, que fala “cantando” e que nos recebeu muito bem.

Além da acolhida das pessoas e dos encantos naturais da cidade, ficamos também bastante intrigados e satisfeitos com o hotel San Karlo, que fica logo alí, na Avenida Beira-Rio, de onde tiramos a foto a seguir.

Satisfeitos pela hospitalidade e pelo profissionalismo nota 10 e intrigados com a enorme eficiência do sistema sanitário do banheiro da suíte, que utiliza um mínimo de água para uma higiene nota 1000, porque não adianta nada ser super eficiente se isso prejudica o meio ambiente, com desperdícios e sujeiras. Adoramos o hotel!

Como tudo é aprendizado, compartilhamos algumas dicas com vocês.

Ao utilizar um táxi, combine antes o valor da corrida, pois a maioria não usa taxímetro e se quiser almoçar mais tarde, tipo 4 horas da tarde, saibam que os restaurantes estão fechados neste horário e sobra, como opção, a praça de alimentação do shopping local. E claro, para descansar e curtir após a refeição nada melhor do que uma esticada na pequena livraria, que serve um gostoso cafezinho com boa prosa.

Cachoeiro do Itapemirim vale a visita e, quem sabe, vocês descobrem porque ela também é chamada de A Capital Secreta, e aí contam prá gente. Mistérios...

Lucia Vasconcellos Abbondati

domingo, abril 12, 2009

A INSANIDADE DOS MONSTROS


Numa das últimas reuniões de condomínio em meu prédio, com pouquíssimos presentes, a proprietária do apartamento acima do meu, expôs o fato de que uma aranha entrara em sua moradia por um galho de uma árvore do prédio vizinho e requisitou a poda do mesmo, para evitar que "outros seres da natureza”, se aproximassem novamente de sua moradia. O vizinho abaixo, aproveitando o ensejo, pediu que o galho que chegava a sua janela, também fosse cortado.

Sendo morador da unidade situada entre ambos, afirmei que preferia preservar o galho que chegava à janela de meu apartamento, caso a poda fosse mesmo aprovada. Nada mais foi requisitado ou se apresentou como necessário para a árvore em questão ou quaisquer outras árvores que nos acolhiam em suas benfazejas sombras, partindo dos prédios vizinhos.

Os contratados para o serviço, sob ordens da síndica, iniciaram-no e rapidamente eliminaram o problema de quem o havia requisitado. Eu os alertei de que poupassem os galhos que chegavam à minha janela, já que em minha família, amamos a natureza, tendo a consciência de que ela não existe apenas para servir ao homem. Fazemos parte dela, queiram algumas pessoas encarar a realidade desta forma ou não.

Após retornar do trabalho, descobri para minha surpresa, que um dos troncos da árvore que dava sombra ao pátio também havia sido eliminado, o Fícus que ficava na parte posterior do pátio (sequer próximo ao corpo do prédio) havia sido “mutilado” e o Flamboyant à direita do pátio, havia sido cortado em todos os galhos que ultrapassassem o limite de nosso muro, mesmo sem qualquer relação com o requisitado previamente na reunião que eu comparecera - uma monstruosidade.

Os contratados então, afirmaram que receberam ordens da síndica, de eliminar todos os troncos e galhos que restavam sobre o pátio, provendo sombra a este, suprimindo vestígios de quaisquer árvores que ultrapassassem os limites do prédio ou tocassem no corpo deste, sob a alegação de evitar que folhas continuassem caindo ao chão, porque “estas poderiam entupir o ralo”. O que pensar de pessoas que acham que podem viver isolados da natureza, delimitando-a através de muros?

O playground sempre foi um lugar estéril, desprovido de conforto - um pequeno forno de piso áspero, que frita ao sol os incautos que tentam levar seus filhos para brincar, não sendo de admirar que tão poucos pais o façam. A escassa sombra de que dispunha, se originava da benesse de estar cercado pelas árvores vizinhas, que proviam sombra e beleza. Hoje, estas foram totalmente devastadas pela insanidade de quem prefere cimento ao verde. Destruiu-se o que de verde podia restar sobre ele. Não resta dúvida de que há loucura para tudo.

As árvores vizinhas não pertenciam ao nosso terreno, mas desprezar a sombra e beleza que elas nos proporcionaram graciosamente durante todo este tempo, foi uma ação covarde, de quem provavelmente já se encontra morto por dentro, desprovido de qualquer sensibilidade e humanidade, um ato de alguém sem vida, contra seres magníficos que não podem se defender e que nenhum mal proporcionaram.

Pagar sombra e beleza com o corte da serra, numa época onde áreas verdes já escasseiam e em todo o planeta a ordem é plantar, demonstra como este tipo de gente prefere dar seu toque pessoal ao incremento da imbecilidade humana. A NATUREZA torna-se em suas bocas, uma palavra distante, evocada apenas quando lhes convêm. Pessoas assim, ao partirem, não fazem qualquer falta ao mundo e são por ele apagadas, como um acidente a ser esquecido. Que Nêmesis, a deusa grega que provia a natureza de um ético equilíbrio, não tarde a dar sua última palavra. As árvores clamam por sua justiça.
Lucio Abbondati Junior

quarta-feira, abril 01, 2009

O VALOR DE SE LER LIVROS

Li, estarrecido, a pergunta feita por uma moça no setor de perguntas e respostas do Yahoo, onde ela queria saber de que serviria ler um livro, que utilidade teria para alguém e fui levado a refletir sobre o papel tão importante que a leitura tem para o desenvolvimento de uma pessoa, o que muitas vezes não é ressaltado além da simples afirmação de que ler é bom para a cultura geral.

Ao concluir sua resposta, percebi que esta é uma questão levantada por pessoas que não lêem com frequência ou que de forma alguma olham os livros como amigos queridos. A razão para esta ocorrência é clara – as escolas não estimulam a leitura pelo prazer extraordinário que pode proporcionar e sim, por que consta no currículo como um entulho que deve ser empurrado para os alunos, estejam eles preparados ou não. O prazer e a curiosidade raríssimas vezes são levadas em conta. Toda a ênfase se encontra no cumprimento do currículo e não, na formação de vorazes leitores.

Para aqueles que desconhecem a “fisiologia da leitura”, aqui vai uma breve explanação:

Ler livros é muito mais do que recolher informação através de palavras num texto. Há um aumento extraordinário no desempenho do cérebro humano no estabelecimento de novas sinapses durante a conversão de simples palavras em imagens, sons, sensações e evocação de memórias. Para que um texto faça sentido, o cérebro não apenas reconhece as palavras - atribui um significado a cada uma delas, separando uma imagem a qual ela se relacione e um som que ela evoque, concatenando simples letras em um papel para compor um quadro que faça um sentido. Tudo isso segue para o registro de informações, interligando todos os sentidos à memorização, compreensão, análise emocional e percepção. Quando se lê um texto sobre Nova Iorque, vê-se a cidade, ouve-se o seu som, percebe-se o seu cheiro e sensações, se sentindo presente na cidade americana. Nenhuma das mídias proporciona isso.

Vorazes leitores formam cérebros privilegiados, muitas vezes, capazes de acionar vários centros cerebrais simultaneamente, para resolver quaisquer situações, uma vez que as vias de comunicação já estão treinadas para imaginar. Einstein dizia que a imaginação é mais importante que o conhecimento. O livro é uma academia de ginástica para o cérebro!!!

Um filme, diferente disso, entrega tudo pronto: som e imagem já selecionados, sem deixar nada para que o cérebro imagine. Um livro permitirá ver, ouvir, sentir, provar e se emocionar com algo que só aquela pessoa verá, numa experiência exclusiva (e às vezes, muito melhor do que um cineasta filmou em uma versão). É como emprestar a imaginação para viver uma outra existência, com todas as sensações. Nada se compara.

Ler livros pode fazer toda a diferença entre aquele que é capaz de imaginar possibilidades em sua vida, com riqueza e fartura de opções e aquele que recebe tudo pronto e selecionado por alguém - um "pau mandado". Ler determina maior riqueza nas opções do viver. Textos muito curtos ou palavras soltas, não proporcionam estes benefícios.

Para aqueles que acharem isto interessante, sugiro comecem a ler livros sobre todos os assuntos que costumam interessar-lhes. Leiam muito, com continuidade, estimulando sua curiosidade e expandindo os seus horizontes. Os resultados práticos desta "prazerosa ginástica mental", não tardarão a aparecer.

Boa leitura e uma ótima existência a todos!

Lucio Abbondati Junior

domingo, janeiro 04, 2009

PARA 2009 E TODOS OS ANOS SEGUINTE

A vida que a gente quer

depende do que a gente faz

e sente

e busca entender

Depende da vontade de criar

e do pensar presente

de questionar e refletir

e ter coragem de ser igual e diferente

Depende do sonhar acordado

e criar primeiro na mente

tudo que se deseja: paixão, beleza, alegria, amigos, riqueza, sabedoria

E tudo o mais que te fizer brilhar os olhos

e deixar o coração mais quente

Lembre-se que somos todos UM

Co-criadores da vida que desejamos

nesta fantástica “Matrix” quântica

que chamamos de realidade.

Muita alegria, saúde e paz

em seu mundo Além da Imaginação !!!!

Lucia & Lucio Abbondati

quarta-feira, outubro 01, 2008

OBRIGADA, BEN SANGARI !

Vivemos de paixão.

Tudo que olhamos com interesse, com vontade de conhecer mais e melhor, tudo que nos encanta, inspira e emociona, é apreendido facilmente, guardado em nossas memórias sob um prisma afetivo, cheio de significados, pleno em possibilidades.

Vivemos de paixão.

Assim como Einstein e sua genialidade abstrata nas linguagens da matemática e da física.

Assim como o empresário Ben Sangari que partilha seu encantamento científico com olhos brilhantes e curiosos de criança.

Assim como nós que pela ludicidade e prazer apresentamos conhecimentos, propomos reflexões, instigamos questionamentos.

Vivemos de paixão. Esse é o caminho. Estamos a trilhá-lo.

“...O foco é outro: proporcionar uma imersão nas idéias de Einstein. Por meio de atrações interativas, as pessoas são apresentadas a conceitos complexos como os da teoria da relatividade. O uso do entretenimento para transmitir noções educativas tem alvo certo: as crianças e os adolescentes. Têm feito sucesso mostras que se propõem a servir de “bússolas” do conhecimento (ou seja, que ajudam o visitante a ao menos se orientar num campo desconhecido). Aliando a literatura à tecnologia, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, já atraiu mais de 1,3 milhão de pessoas. Há também o caso de uma exposição sobre a teoria da evolução de Darwin e uma outra sobre genética vistas por 500 000 pessoas em várias capitais desde o ano passado. Como ambas, Einstein é fruto de uma parceria entre uma entidade brasileira, o Instituto Sangari, e o Museu Americano de História Natural, em Nova York – instituição que se destaca mundialmente nesse tipo de mostra.

Ninguém sai de Einstein versado na teoria da relatividade, é claro. Mas a exposição cumpre um papel relevante ao instigar a curiosidade – e também por ilustrar conceitos complicados por meio de experiências simples.”

(Extraído da reportagem Einstein Digerível, de Marcelo Marthe, Revista Veja de 1º de outubro de 2008)

A mostra Einstein está acontecendo no edifício da Prodam, no Parque do Ibirapuera, São Paulo e passará por outras capitais nos próximos meses.

Vale ficarmos muito atentos para aproveitar esta magnífica oportunidade.

Alegrias todo dia, beijo no coração e até breve!

Lucia Vasconcellos Abbondati

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS TERIA...

Em nossa participação no V Encontro TONOMUNDO acontecido em Natal capital do Rio Grande do Norte, fizemos, Lucio e eu, um levantamento de sonhos. Na verdade, dos sonhos dos professores, diretores, pedagogos, FML`s, secretários municipais e estaduais de educação e todos os demais profissionais ligados ao tema da educação em suas mais diversas áreas de atuação.

Dentre inúmeras respostas destacamos algumas que vocês lerão a seguir. Entretanto, percebemos que muitos sonhos são comuns, a maioria deles representa um desejo legítimo de integração, de mais amor e união, de prazer e vida, de crianças alegres com famílias bem estruturadas e de professores bem remunerados; desejos de alunos motivados, interessados, com vontade de aprender; de escolas atraentes, bem equipadas, sem paredes – às vezes -, ou então com salas refrigeradas ( o calor é grande, todos sabemos...). Existem ainda, desejos de sonhos – pois faltam sonhos na escola atualmente – a realidade nua e crua, faz mal a escola e a todos que dela participam, que nela, de alguma forma e por algum tempo, vivem.

Realmente, são muitos desejos, dezenas de sonhos, mas sabem o que é o melhor? Sabemos, hoje em dia, que pensamentos tornam-se realidades e que, sendo fiel e constante aos nossos sonhos, nossas intenções e pensamentos tornam-se verdade. Sonhemos, então, com toda paixão, para transformarmos nossos mundos em possibilidades cada vez mais presentes, para hoje, pois no futuro nossas crianças já viverão mundos melhores, mais alegres, mais prazerosos, mais livres e terão outras lições para aprender e ensinar.

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS TERIA...

“...espaço físico,mental e psicológico para o desejo, a satisfação, a realização, ao prazer. Ao verdadeiro gozo para que o aprendizado fosse significativo em sua totalidade.” Joselma Vieira de Barros

“...independência, amor, recursos humanos e financeiros, aprendizado, responsabilidade social.” Reinan Francisco Farias

“...profissionais capacitados para transformar a consciência dos alunos, fazendo-os indivíduos ativos e participativos na sociedade.” José Felício da Silva

“...alunos motivados, professores compromissados,salas com condições para alunos interagirem e aprenderem naturalmente, espontaneamente.” Sayonara Maria Silva do Nascimento

“...uma educação de qualidade, onde os alunos possam aprender de forma lúdica e simples e que possa capacitá-los para uma vida melhor.” Armando da Silva Rebelo Junior

“...educação de qualidade voltada para o futuro, mas sem esquecer o passado.” Erivan Santos Monteiro

“...de 25 a 30 alunos por turma, ar-condicionado e todos os alunos com um computador, acompanhando a aula de cada professor e que este usasse a parte lúdica como interdisciplina e para finalizar, que não interrompesse a aula por falta de água, como acontece.” Vera Lucia Fortunato Pieroni

“...professores criativos, alunos interessados, pais comprometidos... Ambiente alegre, pessoas cultivando a paz, vivenciando a paz.” Ulisséa Corrêa Goulart Martins

“...teria pessoas que trabalhassem com prazer, entusiasmo, que acreditassem que a transformação para um mundo melhor só acontece através, pela educação. A escola dos meus sonhos teria “gente feliz”, gente que está no mundo com e por você!”Marília Sidney Castro Andrade

“...educação para todos, com interesse em massa da minha clientela. Pois procuro ser uma professora dinâmica, criativa e com muita vontade de ensinar e eles não têm interesse em aprender.” Leila Márcia Carvalho Constantino

“... mais o sentimento de “prazer” em estar na escola. Uma escola que os alunos, professores e pais tivessem prazer, alegria em fazer parte dela.” Raulindo Ramos Menezes

“...gente comprometida na formação de crianças felizes – para serem adultos capazes de agir.”Ildaci Marques Rodrigues

“...salas lindas, equipadas, coloridas e abertas, sem portas onde uma sala interage com outra, onde não há assuntos compartimentados.”Vera Lucia Santim Poletto

“...um espaço onde meu aluno pudesse sentir-se amado, e ter livre expressão, sentindo-se livre para criar, brincar, compartilhar, ser reflexivo e gostar de ser valorizado e valorizar a sua pessoa, o seu próximo, a sua comunidade. Sendo um ser interativo, participativo, criativo.”Lygia Rejane Lima

“...liberdade de expressão, criatividade, professores comprometidos, pais participantes e condições excelentes da rede física e da rede pedagógica.” José Wellington S.Souza

“...professores disponíveis apenas para se envolver com os Projetos TONOMUNDO, pois só dessa forma conseguiríamos colher os frutos mais rápidos e saudáveis; esta realmente é a meta fundamental para implementar o projeto. Cursos de capacitação para os professores de todas as áreas e valorização dos mesmos.”Lana Saionara de Almeida Dias

BELOS SONHOS PARA TODOS VOCÊS !!! beijo no coração e até breve,

Lucia Vasconcellos Abbondati

segunda-feira, setembro 22, 2008

V Encontro TONOMUNDO

Aconteceu em Natal capital do Rio Grande do Norte nos dias 09 à 14 de setembro de 2008 a quinta edição do Encontro TONOMUNDO, projeto realizado em parceria da OI Futuro e da Escola do Futuro da USP, com apoio do MEC.

Fomos convidados, Lucio e eu, para apresentarmos atividade lúdico-interativa com a finalidade de integrar todos os participantes, cerca de 200 pessoas ligadas a Educação – professores, diretores e secretários estaduais e municipais de educação, além dos FML´s formadores moradores locais, responsáveis pela conexão da escola e de seus profissionais, com o laboratório de informática e as possibilidades do mundo virtual - e também para participarmos do evento. Aqui segue um pouco do que vivenciamos.

Entre apresentação de resultados das “escolas sementeiras”( que estão no projeto desde o início há 8 anos), pelos professores, diretores e FML`s também foram realizadas oficinas, gincanas e palestras. Atividades múltiplas que demonstraram as variadas possibilidades de interação e inovação dentro e fora da sala de aula.

Ky Adderley psicólogo e educador norte-americano, apresentou sua experiência positiva como formador e gestor da rede Kipp que gerencia escolas públicas americanas num sistema semelhante ao nosso PPP (parceria público privada).

Através de slide show no Powerpoint mostrou várias atividades que são implementadas em suas escolas, inclusive aulas de capoeira ministradas por um legítimo mestre capoeirista baiano. Perguntado sobre como é realizado o trabalho de leiturização e de confecção de textos, respondeu que são investidas cerca de 4 horas diárias no conhecimento do próprio idioma. Um exemplo bastante incisivo e, em muitos pontos, baseado no trabalho da também educadora norte-americana, Professora Marva Collins.

O Portal do Professor http://portaldoprofessor.mec.gov.br foi apresentado por Anna Christina Nascimento e sua equipe SEED/MEC, mostrando as inovações feitas para melhorar o entendimento e o acesso dos profissionais de educação.

Fernando Tavares e equipe do CAED – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, de Juiz de Fora, MG -, mostraram as dificuldades e as necessidades da avaliação sistemática das metodologias usadas nas escolas. Tema bastante discutido e muitas vezes controverso, por conta das inúmeras peculiaridades de cada escola e de seus membros, já que é preciso compreender o contexto em que cada trabalho é realizado. Uniformizar, simplesmente, pode mascarar resultados.

Lucio e eu apresentamos a palestra “Paidia – Por uma Necessária Mudança na Educação no Século XXI”, focando a linha histórica do lúdico nas sociedades e quando e porquê sua importância como agente cognitivo e transformador foi destituída de valor, tornando-se secundária e supérflua. As consequências da ausência dos jogos e do brincar também foram abordadas, além da representação das diferenças dos dois hemisférios cerebrais, suas habilidades e competências necessárias para o mundo no século XXI. Questões como interesse espontâneo, inteligência emocional, criatividade, estímulo aos talentos individuais, jogos que associam prazer e conhecimento, entre tantas outras, também foram mostradas.

Ao final da introdução teórica, chegamos a HORA DO RECREIO, com diversas atividades lúdicas muito divertidas e sob o conceito do Projeto Cavalo de Tróia – Conhecimento através do Prazer, no qual o processo cognitivo pode e deve ser revestido por aspectos prazerosos, que criem laços emocionais com o que se está vivenciando e, por conseguinte, aprendendo, tanto quanto com os demais participantes.

As atividades:

  1. Olho Vivo
  2. Qual o lugar
  3. Quem sou eu?
  4. Seja rápido
  5. Trivia de filmes – Temática: A Dança

Foram realizadas com bastante entusiasmo por todos, apesar do cansaço e da hora já avançada.

Em posterior postagem vamos detalhar cada atividade para que possam servir como ferramenta lúdico-educacional e sua reprodução seja viável para todos que assim desejarem.

A grande vencedora da noite, foi a professora Maria do Carmo, da Escola Jandira Botelho, de Olinda, Pernambuco, que foi presenteada com um exemplar de nosso livro “Jogos & Soluções Interativas”, da Editora Qualitymark.

Ainda realizamos a dinâmica do “Cajueiro dos Sonhos” e o sorteio de 12 jogos desenvolvidos pelo Lucio e industrializados pela fábrica Xalingo do Rio Grande do Sul.

Em nossa apresentação, tanto da palestra quanto das “brincadeiras” recebemos uma acolhida verdadeiramente emocionante e, em nossa avaliação, a curiosidade e o contentamento instaurados ali e nos dias seguintes, mostrou-nos que estamos no caminho certo.

Acreditamos que resultados positivos podem existir sim, sem “sacrifícios ou trabalho duro” como alguns gostam de afirmar, porque a chave para tais resultados são o comprometimento, a dedicação e a alegria diária de saber-se agente transformador do mundo, através das pessoas e para tempos melhores.

Novas postagens em breve. Um grande abraço a todos, beijo no coração, tchau!

Lucia Vasconcellos Abbondati

terça-feira, agosto 05, 2008

L.I.V.R.O.

Existe entre nós, muito utilizado, mas que vem perdendo prestígio por falta de propaganda dirigida, e comentários cultos, embora seja superior a qualquer outro meio de divulgação, educação e divertimento, um revolucionário conceito de tecnologia de informação.

Chama-se de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.

L.I.V.R.O. que, em sua forma atual, vem sendo utilizado há mais de quinhentos anos, representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, nem pilhas. Não necessita ser conectado a nada, ligado a coisa alguma. É tão fácil de usar que qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo!

Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de folhas numeradas, feitas de papel (atualmente reciclável), que podem armazenar milhares, e até milhões, de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém permanentemente em seqüência correta. Com recurso do TPO - Tecnologia do Papel Opaco - os fabricantes de L.I.V.R.O.S podem usar as duas faces (páginas) da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os custos à metade!

Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para fazer L.I.V.R.O.S. com mais informações, basta usar mais folhas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de ser transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema, visivelmente influenciados pela nanoestupidez.

Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, no próprio cérebro, sem qualquer formatação especial. Lembramos apenas que, quanto maior e mais complexa a informação a ser absorvida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.

Vantagem imbatível do aparelho é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite acesso instantâneo à próxima página. E a leitura do L.I.V.R.O. pode ser retomada a qualquer momento, bastando abri-lo. Nunca apresenta "ERRO FATAL DE SENHA", nem precisa ser reinicializado. Só fica estragado ou até mesmo inutilizável quando atingido por líquido. Caso caia no mar, por exemplo. Acontecimento raríssimo, que só acontece em caso de naufrágio.

O comando adicional moderno chamado ÍNDICE REMISSIVO, muito ajudado em sua confecção pelos computadores (L.I.V.R.O. se utiliza de toda tecnologia adicional), permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder na busca com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com esse FOFO (softer) instalado.

Um acessório opcional, o marcador de páginas, permite também que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou tipo de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Todo L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso o usuário deseje manter selecionados múltiplos trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com a metade do número de páginas do L.I.V.R.O.

Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., por meio de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S.

Elegante, durável e barato, L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro, como já foi de todo o passado ocidental. São milhões de títulos e formas que anualmente programadores (editores) põem à disposição do público utilizando essa plataforma.

E, uma característica de suprema importância: L.I.V.R.O. não enguiça!

Millôr Fernandes
Texto originalmente publicado na Revista Veja, em 6/12/2006, na pág. 36

quinta-feira, julho 03, 2008

PRINCÍPIOS DE MARVA COLLINS

Já citamos aqui a extraordinária professora Marva Collins e atendendo a pedidos, segue abaixo a tradução do texto proposto por ela, sobre o qual seus alunos refletem e recitam todos os dias, antes das aulas começarem. São princípios que demonstram quão sério pode ser o compromisso com a vida e consigo mesmo. Faço delas, minhas palavras:


"A sociedade demarcará um círculo que me excluirá, mas meus pensamentos superiores propiciarão minha inclusão. Eu nasci para vencer, se não perder muito tempo tentando falhar. Eu ignorarei os rótulos e nomes que me forem dados pela sociedade, já que somente eu poderei ter a capacidade de saber o que posso vir a ser.


Falhar é tão fácil de combater, quanto o sucesso, de ser obtido. A educação é árdua e não pode ser obtida, apelando para truques e esquemas. Só eu tenho o privilégio de destruir a mim mesmo, se esta for a minha escolha. Eu tenho o direito de falhar, mas não o de levar outras pessoas comigo. Deus me fez o capitão de uma única vida – a minha.


É meu direito descuidar-me de todas as coisas que me dizem respeito, mas eu devo estar preparado para aceitar as conseqüências de meus fracassos. Eu nunca deverei pensar que aqueles que escolheram trabalhar enquanto brinquei, relaxei e dormi, deverão partilhar suas recompensas comigo.


Meu sucesso e minha educação são companheiros que nenhum infortúnio poderá reduzir, nenhum crime poderá destruir e nenhum inimigo conseguirá roubar. Sem educação, o homem é um escravo, um selvagem vagando daqui para ali, acreditando no que quer que lhe digam.


Tempo e oportunidade chegam para todos. Eu posso escolher entre ficar hesitante ou ser corajoso. Posso me levantar e clamar: Este é meu tempo e lugar. Eu aceitarei o desafio."

Marva Collins

Tradução de Lucio Abbondati Junior

quinta-feira, junho 19, 2008

PATROCINADORES DA IGNORÂNCIA

O analfabetismo funcional tornou-se um grande problema mundial. Estima-se que só no Brasil, cerca de 68% da população economicamente ativa (dados do INAF), seja incapaz de ler pequenos textos. Some-se a isso 7% de analfabetos incapazes sequer de reconhecer uma só palavra e teremos 75% da população brasileira nesta grave condição. Pode-se imaginar, que esta situação fosse encarada como um sério problema, em virtude das gravíssimas implicações sociais que acarreta, motivando um amplo esforço conjunto de todos, na erradicação do mesmo.

Entretanto, esta posição não se mostrou unânime, uma vez que algumas empresas encararam a existência de tal contingente de iletrados, como uma potencial oportunidade para a obtenção de lucros, ainda que não admitindo isso publicamente. Elas reconheceram nesta situação, um nicho de mercado não atendido pela TV paga: o fornecimento de conteúdo voltado a atender ESPECTADORES ANALFABETOS.

Com este objetivo em foco, na expectativa de que os deficientes de leiturização ou incapazes simpatizassem com seu empenho na redução do conteúdo escrito na TV, estas empresas de comunicação partiram para a radical supressão das legendas em suas programações estrangeiras, a fim de marcar presença como canais “FACILITADORES PARA ANALFABETOS”.

A extinção da opção de legendagem foi feita de forma vertical, desabilitando-se o comando do menu que podia ser acionado no controle remoto dos aparelhos, mesmo em filmes onde a legenda já se encontrava disponível, afim de que não restasse qualquer dúvida na implantação de uma nova diretriz pró-iletrados. E que não se enxergue aqui, qualquer crítica à dublagem brasileira, que é uma das melhores do mundo e sim, a postura ditatorial de excluir-se os que preferem a legendagem.

Aos espectadores que se sentiram prejudicados, ofereceram três alternativas: assistir a programação no idioma original sem legendas, ouví-la obrigatoriamente dublada ou mudar de canal, alternativa que parece ter sido escolhida pela maioria da clientela desassistida.

Entre os canais que adotaram esta postura, o FOX CHANNEL destacou-se por seu marcado empenho na implantação da nova conduta, testando inicialmente a supressão das legendas em sua seção verpertina CINE-FOX SOFÁ. E foi provavelmente através dela, que o setor de marketing deve ter inferido que o número de iletrados brasileiros substituiria com folga, o de espectadores aptos a ler as legendas. Decidiu-se então, que era o momento para estender a medida a toda a grade, extinguindo-se compulsoriamente a alternativa de legendagem, sem qualquer aviso prévio, mesmo nestes tempos onde sabe-se que a TV digital permite claramente a coexistência de vários idiomas e legendas, como opções acessíveis ao consumidor.

A decisão desagradou os espectadores cultos, mas estes foram considerados irrelevantes, num descaso que provocou uma debandada em massa para canais que lhes tivessem mais respeito. Outras fontes alternativas também foram acessadas, como o download da programação que costumavam assistir, via internet, com os espectadores produzindo suas próprias legendas.

Numa clara demonstração de que consideram o analfabetismo, um grande filão a ser explorado, canais como a TNT, HBO FAMILY e SCIFI CHANNEL, entre outros, também fizeram de sua grade, um porto seguro para a ignorância, nivelando os clientes por baixo. Presume-se assim, que se o espectador é brasileiro, logo, deve ser ignorante...

Resta-nos acompanhar de perto este movimento e ver se a opção mercadológica de considerar todos os brasileiros analfabetos, mostrou-se ou não um passo acertado destes canais, em sua presunção de que nossa população será incapaz de erradicar a ignorância.

Lucio Abbondati Junior

MOMENTUM

Entre os chineses há uma velha praga rogada que a primeira vista parece uma benção: “Que você viva tempos interessantes” - diz o que roga, àquele que recebe. Pressupõe-se que uma vida feliz deva ser tranqüila, desprovida de sobressaltos e reviravoltas proporcionadas pelos tais tempos interessantes...

Chegamos então, a um momento em que vivemos tempos interessantes, cercados por sobressaltos e reviravoltas, obstáculos e crateras, com mudanças tanto bruscas quanto inesperadas, envoltas por “campos minados” que podem destruir a nossa segurança de uma hora para outra, num simples passo em falso.

Para muitos, são estes momentos realmente uma maldição, já que acostumaram-se à uma “vida feliz”, tranqüila e imutável, onde as coisas se dão de forma lenta e gradativa, permitindo-lhes ir se acomodando aos poucos aos solavancos da realidade. Nada mais desejam do que uma modorrenta jornada, desprovida de novas cores ou paisagens.

Para outros, contudo, são chegados os tempos interessantes! Imprevisíveis, misteriosos, cheios de riscos e oportunidades e por isso mesmo, fascinantes! Excitantes como uma onda após a outra no mar, para quem sabe estar surfando feliz. Para o que olha de fora, as ameaçadoras ondas parecem todas iguais, mas para quem lá está, são apenas diferentes oportunidades, momentos que valem a pena ser vividos.

A tecnologia nos alcança em todos os momentos de nossa história, seja a pedra afiada que foi transformada em faca de corte, a roda que nos permitiu a locomoção ou as engrenagens, parafusos e polias que criaram toda a sorte de invenções. Estamos para a máquina e a tecnologia, como estamos frente a frente às mudanças. E a todo o momento, houve resistências, as mais diversas e intolerantes. Resistimos às mudanças por que elas nos impõem o novo, o assustador desconhecido. – O que farei? Como procedo para lidar com isso? – são as perguntas que nos amedrontam. Assim foi na revolução industrial, com o advento das máquinas, que “vieram para roubar o emprego dos trabalhadores!!”, como gritavam os Luditas à época, tal qual gritam agora as empresas de hoje, que enxergam na troca de dados e mídias, um risco para seus bem conhecidos e habituais meios de ganho.

Vivemos tempos interessantes, e enquanto uns perdem dinheiro, outros ganham milhões, licitamente, exatamente por enxergarem nestas “ondas”, oportunidades as quais devem e procuram adaptar-se. Brigam em vão os que as combatem, esmurrando as ondas que vem e vão, cientes que seus murros atravessam a água, sem diminuir em nada o seu movimento. Pobres daqueles que assim vivem seus tempos interessantes. Vêem escorrer por entre os dedos, o ganho que se acostumaram a receber, sem notar os que passam ao seu lado, com um sorriso nos lábios, surfando sobre os lucros, sem tentar aprisioná-los.

O que difere a maldição da benção, resume-se apenas no olhar daquele que enxerga problemas, ao invés de oportunidades. São dois lados de uma mesma moeda.

Toda mudança pode ser problemática, se a premissa apenas for sentir-se seguro. Embora não haja nada mais seguro do que a morte, ninguém a deseja. Crescer é mudar, viver é lidar com fatos novos, conhecer e expandir horizontes – viver tempos interessantes.

As indústrias de música, assim como as do áudio-visual, as literárias e lúdicas, já perceberam que estão vivendo seus tempos interessantes e o vêem como uma maldição. Um tempo onde o seu produto tangível deixa de ser a prioridade, tendo seu lugar tomado pela virtualidade e pelo conceitual. Elas o combatem, esmurrando a onda inexorável como um insano que espera pará-la a socos e pontapés, tentando proteger, horrorizadas, o seu castelo de areia, que vai sendo desfeito. Enquanto o fazem, deixam de olhar ao redor e perceber que a graça da praia também está no aprender a nadar e surfar.

Steve Jobs nunca foi um gênio em eletrônica, mas foi ele que levou a Apple, ao sucesso que aí está. Sua genialidade sempre foi surfar sobre as ondas, sem tentar contê-las. Ele percebeu que as pessoas destes tempos interessantes, não compram produtos, compram acesso a satisfação pessoal de seus desejos. Em suma, um estado de espírito. Querem, a qualquer hora e lugar, ainda que virtualmente, ligar-se diretamente aquilo que lhes dá prazer (um filme, uma música, um texto, um convívio, um momento na história...).

Se todos buscam acesso, Jobs lhes promete exatamente isso. E mais, numa embalagem tão elegante, que até agrega status de descolado, ao comprador. Os outros vendem equipamento, sejam computadores, CDs, DVDs, celulares, etc. Ele? Não! Proporciona uma experiência sensorial. Se querem música em qualquer lugar do planeta, ele lhes dá o Ipod. Pediram para falar com alguém, enquanto escutam música, tiram retrato, navegam na rede e olham fotos? Um Iphone. Navegar na rede, processar imagem, ouvir música, ao mesmo tempo e no mesmo lugar que podem fazer um trabalho, numa linda peça que parece uma obra de arte? Um Mac. Se pedem para poder levar a qualquer lugar, sai de sua fábrica uma versão portátil, fina como um envelope. Se houvesse uma demanda para usar no mar, ele acabaria providenciando...

Timming, é a razão de seu sucesso. Ele provê acesso a tudo a que seus ouvidos e seu bom senso tiver percebido como necessidade, de quem busca prazer! E agora! Não num futuro distante, no campo da ficção científica. Ele sabe que o produto material tem dias contados, logo ele os valoriza muito (produtos Apple ainda são caros), mas os serviços que proporcionam, como disponibilizar música, por exemplo, saem por apenas alguns trocados. Quer que sejam desprotegidas contra cópias? Ele lhes dá! Claro, ele sabe que não há como impedir que sejam copiadas, logo, por que protegê-las em primeiro lugar? Prefere ser visto como aquele que pensou no usuário.

Recentemente, reclamaram do preço e da velocidade. Reação da Apple? Um novo Iphone com eficiência dobrada, mas pela metade do preço... Timming é tudo.

Enquanto isso, o resto da indústria passa como o “dinossauro” insensível que cobra muito e penaliza todos os que querem ter acesso. Pobre dinossauros, que assim como os animais de outrora, também estão fadados à extinção.

O que fazer então, ò dinossauro? Uma pausa para olhar ao redor já seria um grande progresso. Vivemos tempos interessantes. Buscar no cliente o que ele deseja, lidar com o problema como uma oportunidade e perceber novas soluções e combinações usando o bom senso, dá uma boa pista do caminho.

Diz a teoria da evolução, que aquele que está mal adaptado ao meio que vive, tende a desaparecer, em prol do melhor adaptado. Faria bem às empresas olhar mais para o consumidor final e perceber o que ele vem buscando. Chamá-los simplesmente de piratas e persegui-los, só os coloca na defensiva, na condição de um novo inimigo da “grande e malvada corporação”.

Por que então não olhar o que se está procurando ter acesso e tentar sanar esta necessidade, mesmo que seja para ganhar apenas alguns centavos de cada um? Isto provavelmente poria milhões a mais nos cofres da companhia, que do contrário, estariam irremediavelmente perdidos nas redes da WEB.

Não é à toa, que hoje o Google é a empresa mais valorizada do mundo, a que mais cresce no momento, com um plantel de serviços ao usuário que só aumenta ano a ano. O que ela vende, e por isso ganha tanto, nestes tempos interessantes? Nada tangível, apenas acesso. Ela, assim como Jobs, já entendeu.

E você? Como tem vivido seus tempos interessantes?

Lucio Abbondati Junior

domingo, fevereiro 17, 2008

MARVA COLLINS, A EDUCADORA

Marva Collins é uma educadora americana que infelizmente, poucos conhecem no Brasil. Seu trabalho investe na excelência do ser humano, reconhecendo neste, o portador de um potencial ilimitado que deve ser estimulado a expandir-se.

Ela emprega no ensino o método socrático e o sucesso de seu trabalho fala per si. Aplicado exaustivamente a crianças de baixa renda, muitas até consideradas incapazes ou mesmo portadoras de um Q.I. rústico, sempre obteve resultados extraordinários, em pouquíssimo tempo.

Tornando seus alunos vorazes leitores e mesmo, excepcionais oradores, ela os estimulou a pensarem por si mesmos, tornando-os cidadãos independentes e confiantes, prontos para enfrentar os percalços da sofisticada sociedade em que vivemos.

Baseado no estudo estatístico da Universidade de Chicago (Curva de Bell), que demonstra que de cada 33 crianças oriundas de ambientes socialmente desprovidos, uma acaba morta, duas na cadeia, cinco passam a viver do seguro social, o Programa “60 Minutes” esteve em sua escola (a “Westside Preparatory”), em setembro de 1995, curiosos para descobrir o que teria acontecido a seus formandos. E o resultado foi mais que auspicioso: os graduados da Westside mostraram-se todos vivendo de forma bem sucedida, tanto na carreira profissional, como na vida acadêmica. Numa eficiência esmagadora, que dissolve qualquer dúvida sobre a validade de seu método, seus aprendizes tornaram-se profissionais e empresários bem sucedidos, que adicionaram valiosas contribuições à sociedade americana, muitos optando por carreiras ligadas aos setores culturais e educacionais.

Sua história foi inclusive vertida para um telefilme, muito exibido na década de 70 e 80 nas TVs brasileira e que só agora chega lá fora, aos DVDs (quem sabe, também chega por aqui, um dia).

Devemos lembrar sempre, que estes se originaram nos guetos da pobreza e dos locais desassistidos, mas que isto não os impediu, pela excelência do método, de alçarem os ápices da camada social.

Seus livros e sistema, infelizmente, ainda continuam ignorados no Brasil, sem uma devida publicação em nosso idioma, o que demonstra que para alguns, a ignorância ainda continua sendo motivo de duvidoso orgulho.

Apenas para dar um gostinho de sua filosofia de ensino e viver, seguem abaixo algumas afirmações desta excelente professora, pinçados de seus textos, trabalhos e prática:


  • "Há uma criança brilhante trancada dentro de cada estudante."


  • "Não tentem corrigir os estudantes, corrijamo-nos primeiro. O bom professor torna bom o mau aluno e o bom aluno, superior. Quando nossos estudantes falham, nós, como professores, também teremos falhado."


  • "Uma vez que uma criança aprenda a aprender, nada mais irá estreitar a sua mente. A essência do ensino é torná-lo contagioso, para que uma idéia dispare outra."


  • "Confie em si mesmo. Pense por si mesmo. Aja por si mesmo. Fale por si mesmo. Seja você. A imitação é suicida."


  • "A excelência não é uma ação, mas um hábito. As coisas que você faz a maior parte do tempo, são aquelas que você faz melhor".


  • "Determinação e perseverança movem o mundo; pensar que os outros farão as coisas por você, é escolher o caminho certo em direção ao fracasso."


  • "O Sr. Pretendia Fazer tem um amigo, seu nome é Não fiz. Você já os encontrou? Eles moram juntos, em uma casa chamada Fracasso. E ainda me disseram que ela é assombrada por um fantasma chamado Deveria Ter Acontecido."


  • "O sucesso não vem até você, você é que vai até ele."


  • "Se você não se permite cometer um erro, então não consegue concretizar coisa alguma."


  • "Personalidade é o que você sabe que é e não o que os outros pensam que você tem."


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Na postagem seguinte a essa, há uma tradução para o português de um texto da própria Marva Collins, onde ela dá alguns detalhes de seu método. Preferindo ler no original em inglês, basta clicar sobre ESTE LINK.

Não é ótimo ver como algumas pessoas conseguem construir o mundo, como ele realmente deveria ser?

Lucio Abbondati Junior

O MÉTODO MARVA COLLINS

Este texto foi retirado do blog da Professora Marva Collins, onde ela fala sobre sua forma de educar:

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Meu programa educacional e metodologia são baseados no método socrático. Sócrates foi um filósofo e professor ateniense que viveu entre 470 e 399 A.C. O método socrático ensina através do uso de uma série de perguntas e respostas, onde as definições lógicas, pontos de vista ou significado dos conceitos, são testados. O método socrático é baseado na análise lógica, o que conseqüentemente, desenvolve nos estudantes uma soberba capacidade de raciocínio.

Eu seleciono materiais de leitura que contenham idéias abstratas. Estas idéias podem ter e terão diferentes significados para os diferentes estudantes, que não determinam uma única resposta correta, mas diversas interpretações possíveis. Ex: Na “República” de Platão, Sócrates indaga o que é justiça e suas questões aos estudantes revelam que “justiça”, mostra-se um conceito que tem várias definições. O propósito do ensinar, eu acredito, não é apenas dominar materialmente conhecimentos factuais, mas também ensinar aos estudantes como pensar, encorajando-o a realmente pensar por si mesmo. A habilidade de raciocinar e analisar logicamente, irá continuar viva nos estudantes, mesmo que a retenção dos fatos memorizados se perca.

Antes de iniciar qualquer seleção de leituras, eu primeiro as leio previamente - é uma tolice tentar ensinar o que não se sabe - e delas extraio todas as palavras difíceis, que irão se tornar o vocabulário a ser aprendido pela classe. Cada estudante deverá ser capaz de pronunciá-las corretamente, utilizá-las e saber o significado de cada uma daquelas palavras, antes que comecem a leitura em classe. Não tem sentido partir direto para a leitura, se os estudantes não compreendem as palavras no material a ser lido. De outra forma, a leitura iria se tornar tediosa e incompreensível.

Em seguida, me refiro ao título da leitura, perguntando: “Sobre o que vocês imaginam que este texto trata?” - um processo que obtém informações sobre o título. Outras perguntas que podem ser feitas, precedendo a leitura, incluem: “Será esta é uma história sobre a perda?”,Uma boa consciência?” “Por que você(s) acha(m) isso?” – e a seguir, identifica-se o propósito da leitura daquela seleção. À medida que a leitura vai progredindo – esta deve ser feita em voz alta, nunca em silêncio – faço perguntas pertinentes, como: “O que você acha que vai acontecer?” pois o ato de prognosticar usa a lógica, a razão e a evidência, como forma a desenvolver as habilidades meta-cognitivas.

Os estudantes são então ensinados (estimulados) a examinar sua linha de raciocínio – “Que informação oriunda da leitura, embasa a sua resposta?” – o que ensina ao estudante, a importância das respostas baseadas em fatos, comparadas às interpretativas. Estes certamente irão melhorar seu desempenho nos testes padronizados, quando descobrirem como pensar tanto criticamente, quanto analiticamente. Provas normalmente não querem saber o que pensamos, elas medem apenas a correção das respostas factuais e com este método, os estudantes são ensinados a refrear conjecturas irracionais. O questionamento se torna um processo disciplinado, no qual cada estudante utiliza o grosso do conhecimento adquirido, dando evidencia à chegada de novas compreensões e vislumbres.

No método socrático, o professor controla o volume e o fluxo de informação. A compreensão tem lugar durante a leitura, em cada importante etapa e não ao fim de uma seleção. Este método encoraja a participação de todos os alunos, ao mesmo tempo em que reduz problemas disciplinares e eventualmente os elimina, completamente. Quando estudantes portam-se mal, indica que eles não desenvolveram o hábito de um correto raciocínio. Minha metodologia propõe-se a ensinar que escolhas têm conseqüências e eu uso disciplina, mas autodisciplina e não a punição para engajar o estudante no pensar correto. Na finalização deste processo de leitura, o professor deve intensificar gradativamente, a leitura de textos mais extensos, entre os períodos de parada, o que irá incrementar nos estudantes, sua habilidade de obter significado em longas leituras. Sempre pare em certos pontos do texto, para fazer perguntas, como por exemplo: “Por que você (o estudante) respondeu isso?” ou “Você consegue encontrar no texto, a frase ou parágrafo que sustenta a sua conclusão?”.

Os pontos de parada na leitura oral, devem ocorrer em lugares lógicos onde a história tem seus momentos de virada e também especialmente nas passagens altamente abstratas. Um mestre nunca deve se intimidar ante uma seleção de leituras mais difíceis ou trechos mais densos. A classe só se torna realmente boa, se o seu líder também o é! Sob controle de um professor, os momentos de parada nas abstrações permitem a realização de debates orais, refinamento de idéias e uso do vocabulário. Estas interrupções também provêm tempo para discussões, aumento das habilidades verbais e escritas, além do desenvolvimento do pensamento crítico.

Meu programa educacional não permite o estéril uso de trabalhos individuais, cronogramas abarrotados de atividades e livros de exercícios. Estas tão comumente chamadas ferramentas educacionais, não conectam idéias numa lógica através do processo. Elas não são capazes, nem podem ensinar às crianças, como ler ou como escrever. Partem da pressuposição que os participantes já sejam leitores independentes e que estejam imbuídos de habilidades críticas e analíticas, aptos a entender, sem a supervisão ou direcionamento, os pontos relevantes feitos pelo autor. Eu não uso cronogramas de atividades em minhas classes e eu não permito o seu uso por nenhum professor de minha escola.

Após completar a leitura dos textos selecionados, os alunos também devem escrever diariamente, cartas para os personagens dos textos lidos ou para o autor da obra, além comporem uma revisão crítica do que foi lido: “Com qual personagem mais se identificou?”, “Por quê?”, “O que o personagem o ensinou?”, “Que lição de vida, se houve alguma, aprendeu daquela leitura?”, “Por que aquela lição de vida é importante para ele?”. Aqui se percebe novamente, que livros de exercícios prontos e cronogramas de atividades pré-definidas nunca poderiam lhes permitir isto. Há uma diferença entre “estar ocupado trabalhando” e “estar refletindo sobre um trabalho”.

O método de ensino direto reforça as habilidades aprendidas em cada seleção lida. A criança é ensinada a usar o que foi aprendido anteriormente, como referência para embasar sua opinião. Estas referências podem vir de diversas fontes, como a poesia, os editoriais dos jornais, das revistas, dos grandes discursos, dos romances ou qualquer outro material impresso. Qualquer coisa, oriunda de qualquer lugar, é capaz de potencialmente prover um excelente material para o desenvolvimento das habilidades de raciocínio. Poderíamos comparar estas referências da mesma forma que um pedaço de papel representa as árvores, porque a madeira é processada até transformar-se em papel. Este mesmo pedaço de papel também representa a água que nutre a árvore, o lenhador que a cortou ou o caminhão que levou o tronco para processar na fábrica. Desta mesma forma, o ensino direto expande a mente além das duas capas de um livro e das quatro paredes de uma sala de aula. Livros textos com exercícios para completar espaços e métodos de padronização do aprendizado passo a passo nunca criam bons pensadores críticos. Há uma diferença entre ler palavras e compreendê-las. Há também uma enorme diferença entre saber ler e amar ler.

Minha metodologia de ensino tem a vantagem de estabelecer um ambiente em que se promove a obtenção da informação textual e conversacional, a construção de um vocabulário e de novos conceitos, a partilha e a expansão de idéias, obtendo a necessária atenção de todos os participantes. Com isto reduz-se a tendência de chutar respostas, além de ensinar o pensamento abstrato. O pensamento crítico envolve uma atitude geral de questionamento e suspensão do julgamento, criando o hábito de examinar antes de simplesmente aceitar. Professor e estudante passam então a buscar um mesmo objetivo - a partilha de conhecimento e informação. O ensino direto requer um novo comportamento por parte de ambos, professores e estudantes, o que implica em algum grau de mudança de atitude. Em minha longa carreira como mestre, eu aprendi que os benefícios valem este esforço. Uma vez que os professores tentem o método socrático ou método direto de ensino, eles nunca mais voltarão a qualquer coisa que não seja capaz de produzir esta “mágica” (no ensinar).

Marva Collins

(tradução de Lucio Abbondati Junior)

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