quarta-feira, outubro 01, 2008

OBRIGADA, BEN SANGARI !

Vivemos de paixão.

Tudo que olhamos com interesse, com vontade de conhecer mais e melhor, tudo que nos encanta, inspira e emociona, é apreendido facilmente, guardado em nossas memórias sob um prisma afetivo, cheio de significados, pleno em possibilidades.

Vivemos de paixão.

Assim como Einstein e sua genialidade abstrata nas linguagens da matemática e da física.

Assim como o empresário Ben Sangari que partilha seu encantamento científico com olhos brilhantes e curiosos de criança.

Assim como nós que pela ludicidade e prazer apresentamos conhecimentos, propomos reflexões, instigamos questionamentos.

Vivemos de paixão. Esse é o caminho. Estamos a trilhá-lo.

“...O foco é outro: proporcionar uma imersão nas idéias de Einstein. Por meio de atrações interativas, as pessoas são apresentadas a conceitos complexos como os da teoria da relatividade. O uso do entretenimento para transmitir noções educativas tem alvo certo: as crianças e os adolescentes. Têm feito sucesso mostras que se propõem a servir de “bússolas” do conhecimento (ou seja, que ajudam o visitante a ao menos se orientar num campo desconhecido). Aliando a literatura à tecnologia, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, já atraiu mais de 1,3 milhão de pessoas. Há também o caso de uma exposição sobre a teoria da evolução de Darwin e uma outra sobre genética vistas por 500 000 pessoas em várias capitais desde o ano passado. Como ambas, Einstein é fruto de uma parceria entre uma entidade brasileira, o Instituto Sangari, e o Museu Americano de História Natural, em Nova York – instituição que se destaca mundialmente nesse tipo de mostra.

Ninguém sai de Einstein versado na teoria da relatividade, é claro. Mas a exposição cumpre um papel relevante ao instigar a curiosidade – e também por ilustrar conceitos complicados por meio de experiências simples.”

(Extraído da reportagem Einstein Digerível, de Marcelo Marthe, Revista Veja de 1º de outubro de 2008)

A mostra Einstein está acontecendo no edifício da Prodam, no Parque do Ibirapuera, São Paulo e passará por outras capitais nos próximos meses.

Vale ficarmos muito atentos para aproveitar esta magnífica oportunidade.

Alegrias todo dia, beijo no coração e até breve!

Lucia Vasconcellos Abbondati

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS TERIA...

Em nossa participação no V Encontro TONOMUNDO acontecido em Natal capital do Rio Grande do Norte, fizemos, Lucio e eu, um levantamento de sonhos. Na verdade, dos sonhos dos professores, diretores, pedagogos, FML`s, secretários municipais e estaduais de educação e todos os demais profissionais ligados ao tema da educação em suas mais diversas áreas de atuação.

Dentre inúmeras respostas destacamos algumas que vocês lerão a seguir. Entretanto, percebemos que muitos sonhos são comuns, a maioria deles representa um desejo legítimo de integração, de mais amor e união, de prazer e vida, de crianças alegres com famílias bem estruturadas e de professores bem remunerados; desejos de alunos motivados, interessados, com vontade de aprender; de escolas atraentes, bem equipadas, sem paredes – às vezes -, ou então com salas refrigeradas ( o calor é grande, todos sabemos...). Existem ainda, desejos de sonhos – pois faltam sonhos na escola atualmente – a realidade nua e crua, faz mal a escola e a todos que dela participam, que nela, de alguma forma e por algum tempo, vivem.

Realmente, são muitos desejos, dezenas de sonhos, mas sabem o que é o melhor? Sabemos, hoje em dia, que pensamentos tornam-se realidades e que, sendo fiel e constante aos nossos sonhos, nossas intenções e pensamentos tornam-se verdade. Sonhemos, então, com toda paixão, para transformarmos nossos mundos em possibilidades cada vez mais presentes, para hoje, pois no futuro nossas crianças já viverão mundos melhores, mais alegres, mais prazerosos, mais livres e terão outras lições para aprender e ensinar.

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS TERIA...

“...espaço físico,mental e psicológico para o desejo, a satisfação, a realização, ao prazer. Ao verdadeiro gozo para que o aprendizado fosse significativo em sua totalidade.” Joselma Vieira de Barros

“...independência, amor, recursos humanos e financeiros, aprendizado, responsabilidade social.” Reinan Francisco Farias

“...profissionais capacitados para transformar a consciência dos alunos, fazendo-os indivíduos ativos e participativos na sociedade.” José Felício da Silva

“...alunos motivados, professores compromissados,salas com condições para alunos interagirem e aprenderem naturalmente, espontaneamente.” Sayonara Maria Silva do Nascimento

“...uma educação de qualidade, onde os alunos possam aprender de forma lúdica e simples e que possa capacitá-los para uma vida melhor.” Armando da Silva Rebelo Junior

“...educação de qualidade voltada para o futuro, mas sem esquecer o passado.” Erivan Santos Monteiro

“...de 25 a 30 alunos por turma, ar-condicionado e todos os alunos com um computador, acompanhando a aula de cada professor e que este usasse a parte lúdica como interdisciplina e para finalizar, que não interrompesse a aula por falta de água, como acontece.” Vera Lucia Fortunato Pieroni

“...professores criativos, alunos interessados, pais comprometidos... Ambiente alegre, pessoas cultivando a paz, vivenciando a paz.” Ulisséa Corrêa Goulart Martins

“...teria pessoas que trabalhassem com prazer, entusiasmo, que acreditassem que a transformação para um mundo melhor só acontece através, pela educação. A escola dos meus sonhos teria “gente feliz”, gente que está no mundo com e por você!”Marília Sidney Castro Andrade

“...educação para todos, com interesse em massa da minha clientela. Pois procuro ser uma professora dinâmica, criativa e com muita vontade de ensinar e eles não têm interesse em aprender.” Leila Márcia Carvalho Constantino

“... mais o sentimento de “prazer” em estar na escola. Uma escola que os alunos, professores e pais tivessem prazer, alegria em fazer parte dela.” Raulindo Ramos Menezes

“...gente comprometida na formação de crianças felizes – para serem adultos capazes de agir.”Ildaci Marques Rodrigues

“...salas lindas, equipadas, coloridas e abertas, sem portas onde uma sala interage com outra, onde não há assuntos compartimentados.”Vera Lucia Santim Poletto

“...um espaço onde meu aluno pudesse sentir-se amado, e ter livre expressão, sentindo-se livre para criar, brincar, compartilhar, ser reflexivo e gostar de ser valorizado e valorizar a sua pessoa, o seu próximo, a sua comunidade. Sendo um ser interativo, participativo, criativo.”Lygia Rejane Lima

“...liberdade de expressão, criatividade, professores comprometidos, pais participantes e condições excelentes da rede física e da rede pedagógica.” José Wellington S.Souza

“...professores disponíveis apenas para se envolver com os Projetos TONOMUNDO, pois só dessa forma conseguiríamos colher os frutos mais rápidos e saudáveis; esta realmente é a meta fundamental para implementar o projeto. Cursos de capacitação para os professores de todas as áreas e valorização dos mesmos.”Lana Saionara de Almeida Dias

BELOS SONHOS PARA TODOS VOCÊS !!! beijo no coração e até breve,

Lucia Vasconcellos Abbondati

segunda-feira, setembro 22, 2008

V Encontro TONOMUNDO

Aconteceu em Natal capital do Rio Grande do Norte nos dias 09 à 14 de setembro de 2008 a quinta edição do Encontro TONOMUNDO, projeto realizado em parceria da OI Futuro e da Escola do Futuro da USP, com apoio do MEC.

Fomos convidados, Lucio e eu, para apresentarmos atividade lúdico-interativa com a finalidade de integrar todos os participantes, cerca de 200 pessoas ligadas a Educação – professores, diretores e secretários estaduais e municipais de educação, além dos FML´s formadores moradores locais, responsáveis pela conexão da escola e de seus profissionais, com o laboratório de informática e as possibilidades do mundo virtual - e também para participarmos do evento. Aqui segue um pouco do que vivenciamos.

Entre apresentação de resultados das “escolas sementeiras”( que estão no projeto desde o início há 8 anos), pelos professores, diretores e FML`s também foram realizadas oficinas, gincanas e palestras. Atividades múltiplas que demonstraram as variadas possibilidades de interação e inovação dentro e fora da sala de aula.

Ky Adderley psicólogo e educador norte-americano, apresentou sua experiência positiva como formador e gestor da rede Kipp que gerencia escolas públicas americanas num sistema semelhante ao nosso PPP (parceria público privada).

Através de slide show no Powerpoint mostrou várias atividades que são implementadas em suas escolas, inclusive aulas de capoeira ministradas por um legítimo mestre capoeirista baiano. Perguntado sobre como é realizado o trabalho de leiturização e de confecção de textos, respondeu que são investidas cerca de 4 horas diárias no conhecimento do próprio idioma. Um exemplo bastante incisivo e, em muitos pontos, baseado no trabalho da também educadora norte-americana, Professora Marva Collins.

O Portal do Professor http://portaldoprofessor.mec.gov.br foi apresentado por Anna Christina Nascimento e sua equipe SEED/MEC, mostrando as inovações feitas para melhorar o entendimento e o acesso dos profissionais de educação.

Fernando Tavares e equipe do CAED – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, de Juiz de Fora, MG -, mostraram as dificuldades e as necessidades da avaliação sistemática das metodologias usadas nas escolas. Tema bastante discutido e muitas vezes controverso, por conta das inúmeras peculiaridades de cada escola e de seus membros, já que é preciso compreender o contexto em que cada trabalho é realizado. Uniformizar, simplesmente, pode mascarar resultados.

Lucio e eu apresentamos a palestra “Paidia – Por uma Necessária Mudança na Educação no Século XXI”, focando a linha histórica do lúdico nas sociedades e quando e porquê sua importância como agente cognitivo e transformador foi destituída de valor, tornando-se secundária e supérflua. As consequências da ausência dos jogos e do brincar também foram abordadas, além da representação das diferenças dos dois hemisférios cerebrais, suas habilidades e competências necessárias para o mundo no século XXI. Questões como interesse espontâneo, inteligência emocional, criatividade, estímulo aos talentos individuais, jogos que associam prazer e conhecimento, entre tantas outras, também foram mostradas.

Ao final da introdução teórica, chegamos a HORA DO RECREIO, com diversas atividades lúdicas muito divertidas e sob o conceito do Projeto Cavalo de Tróia – Conhecimento através do Prazer, no qual o processo cognitivo pode e deve ser revestido por aspectos prazerosos, que criem laços emocionais com o que se está vivenciando e, por conseguinte, aprendendo, tanto quanto com os demais participantes.

As atividades:

  1. Olho Vivo
  2. Qual o lugar
  3. Quem sou eu?
  4. Seja rápido
  5. Trivia de filmes – Temática: A Dança

Foram realizadas com bastante entusiasmo por todos, apesar do cansaço e da hora já avançada.

Em posterior postagem vamos detalhar cada atividade para que possam servir como ferramenta lúdico-educacional e sua reprodução seja viável para todos que assim desejarem.

A grande vencedora da noite, foi a professora Maria do Carmo, da Escola Jandira Botelho, de Olinda, Pernambuco, que foi presenteada com um exemplar de nosso livro “Jogos & Soluções Interativas”, da Editora Qualitymark.

Ainda realizamos a dinâmica do “Cajueiro dos Sonhos” e o sorteio de 12 jogos desenvolvidos pelo Lucio e industrializados pela fábrica Xalingo do Rio Grande do Sul.

Em nossa apresentação, tanto da palestra quanto das “brincadeiras” recebemos uma acolhida verdadeiramente emocionante e, em nossa avaliação, a curiosidade e o contentamento instaurados ali e nos dias seguintes, mostrou-nos que estamos no caminho certo.

Acreditamos que resultados positivos podem existir sim, sem “sacrifícios ou trabalho duro” como alguns gostam de afirmar, porque a chave para tais resultados são o comprometimento, a dedicação e a alegria diária de saber-se agente transformador do mundo, através das pessoas e para tempos melhores.

Novas postagens em breve. Um grande abraço a todos, beijo no coração, tchau!

Lucia Vasconcellos Abbondati

terça-feira, agosto 05, 2008

L.I.V.R.O.

Existe entre nós, muito utilizado, mas que vem perdendo prestígio por falta de propaganda dirigida, e comentários cultos, embora seja superior a qualquer outro meio de divulgação, educação e divertimento, um revolucionário conceito de tecnologia de informação.

Chama-se de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.

L.I.V.R.O. que, em sua forma atual, vem sendo utilizado há mais de quinhentos anos, representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, nem pilhas. Não necessita ser conectado a nada, ligado a coisa alguma. É tão fácil de usar que qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo!

Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de folhas numeradas, feitas de papel (atualmente reciclável), que podem armazenar milhares, e até milhões, de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém permanentemente em seqüência correta. Com recurso do TPO - Tecnologia do Papel Opaco - os fabricantes de L.I.V.R.O.S podem usar as duas faces (páginas) da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os custos à metade!

Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para fazer L.I.V.R.O.S. com mais informações, basta usar mais folhas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de ser transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema, visivelmente influenciados pela nanoestupidez.

Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, no próprio cérebro, sem qualquer formatação especial. Lembramos apenas que, quanto maior e mais complexa a informação a ser absorvida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.

Vantagem imbatível do aparelho é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite acesso instantâneo à próxima página. E a leitura do L.I.V.R.O. pode ser retomada a qualquer momento, bastando abri-lo. Nunca apresenta "ERRO FATAL DE SENHA", nem precisa ser reinicializado. Só fica estragado ou até mesmo inutilizável quando atingido por líquido. Caso caia no mar, por exemplo. Acontecimento raríssimo, que só acontece em caso de naufrágio.

O comando adicional moderno chamado ÍNDICE REMISSIVO, muito ajudado em sua confecção pelos computadores (L.I.V.R.O. se utiliza de toda tecnologia adicional), permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder na busca com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com esse FOFO (softer) instalado.

Um acessório opcional, o marcador de páginas, permite também que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou tipo de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Todo L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso o usuário deseje manter selecionados múltiplos trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com a metade do número de páginas do L.I.V.R.O.

Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., por meio de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S.

Elegante, durável e barato, L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro, como já foi de todo o passado ocidental. São milhões de títulos e formas que anualmente programadores (editores) põem à disposição do público utilizando essa plataforma.

E, uma característica de suprema importância: L.I.V.R.O. não enguiça!

Millôr Fernandes
Texto originalmente publicado na Revista Veja, em 6/12/2006, na pág. 36

quinta-feira, julho 03, 2008

PRINCÍPIOS DE MARVA COLLINS

Já citamos aqui a extraordinária professora Marva Collins e atendendo a pedidos, segue abaixo a tradução do texto proposto por ela, sobre o qual seus alunos refletem e recitam todos os dias, antes das aulas começarem. São princípios que demonstram quão sério pode ser o compromisso com a vida e consigo mesmo. Faço delas, minhas palavras:


"A sociedade demarcará um círculo que me excluirá, mas meus pensamentos superiores propiciarão minha inclusão. Eu nasci para vencer, se não perder muito tempo tentando falhar. Eu ignorarei os rótulos e nomes que me forem dados pela sociedade, já que somente eu poderei ter a capacidade de saber o que posso vir a ser.


Falhar é tão fácil de combater, quanto o sucesso, de ser obtido. A educação é árdua e não pode ser obtida, apelando para truques e esquemas. Só eu tenho o privilégio de destruir a mim mesmo, se esta for a minha escolha. Eu tenho o direito de falhar, mas não o de levar outras pessoas comigo. Deus me fez o capitão de uma única vida – a minha.


É meu direito descuidar-me de todas as coisas que me dizem respeito, mas eu devo estar preparado para aceitar as conseqüências de meus fracassos. Eu nunca deverei pensar que aqueles que escolheram trabalhar enquanto brinquei, relaxei e dormi, deverão partilhar suas recompensas comigo.


Meu sucesso e minha educação são companheiros que nenhum infortúnio poderá reduzir, nenhum crime poderá destruir e nenhum inimigo conseguirá roubar. Sem educação, o homem é um escravo, um selvagem vagando daqui para ali, acreditando no que quer que lhe digam.


Tempo e oportunidade chegam para todos. Eu posso escolher entre ficar hesitante ou ser corajoso. Posso me levantar e clamar: Este é meu tempo e lugar. Eu aceitarei o desafio."

Marva Collins

Tradução de Lucio Abbondati Junior

quinta-feira, junho 19, 2008

PATROCINADORES DA IGNORÂNCIA

O analfabetismo funcional tornou-se um grande problema mundial. Estima-se que só no Brasil, cerca de 68% da população economicamente ativa (dados do INAF), seja incapaz de ler pequenos textos. Some-se a isso 7% de analfabetos incapazes sequer de reconhecer uma só palavra e teremos 75% da população brasileira nesta grave condição. Pode-se imaginar, que esta situação fosse encarada como um sério problema, em virtude das gravíssimas implicações sociais que acarreta, motivando um amplo esforço conjunto de todos, na erradicação do mesmo.

Entretanto, esta posição não se mostrou unânime, uma vez que algumas empresas encararam a existência de tal contingente de iletrados, como uma potencial oportunidade para a obtenção de lucros, ainda que não admitindo isso publicamente. Elas reconheceram nesta situação, um nicho de mercado não atendido pela TV paga: o fornecimento de conteúdo voltado a atender ESPECTADORES ANALFABETOS.

Com este objetivo em foco, na expectativa de que os deficientes de leiturização ou incapazes simpatizassem com seu empenho na redução do conteúdo escrito na TV, estas empresas de comunicação partiram para a radical supressão das legendas em suas programações estrangeiras, a fim de marcar presença como canais “FACILITADORES PARA ANALFABETOS”.

A extinção da opção de legendagem foi feita de forma vertical, desabilitando-se o comando do menu que podia ser acionado no controle remoto dos aparelhos, mesmo em filmes onde a legenda já se encontrava disponível, afim de que não restasse qualquer dúvida na implantação de uma nova diretriz pró-iletrados. E que não se enxergue aqui, qualquer crítica à dublagem brasileira, que é uma das melhores do mundo e sim, a postura ditatorial de excluir-se os que preferem a legendagem.

Aos espectadores que se sentiram prejudicados, ofereceram três alternativas: assistir a programação no idioma original sem legendas, ouví-la obrigatoriamente dublada ou mudar de canal, alternativa que parece ter sido escolhida pela maioria da clientela desassistida.

Entre os canais que adotaram esta postura, o FOX CHANNEL destacou-se por seu marcado empenho na implantação da nova conduta, testando inicialmente a supressão das legendas em sua seção verpertina CINE-FOX SOFÁ. E foi provavelmente através dela, que o setor de marketing deve ter inferido que o número de iletrados brasileiros substituiria com folga, o de espectadores aptos a ler as legendas. Decidiu-se então, que era o momento para estender a medida a toda a grade, extinguindo-se compulsoriamente a alternativa de legendagem, sem qualquer aviso prévio, mesmo nestes tempos onde sabe-se que a TV digital permite claramente a coexistência de vários idiomas e legendas, como opções acessíveis ao consumidor.

A decisão desagradou os espectadores cultos, mas estes foram considerados irrelevantes, num descaso que provocou uma debandada em massa para canais que lhes tivessem mais respeito. Outras fontes alternativas também foram acessadas, como o download da programação que costumavam assistir, via internet, com os espectadores produzindo suas próprias legendas.

Numa clara demonstração de que consideram o analfabetismo, um grande filão a ser explorado, canais como a TNT, HBO FAMILY e SCIFI CHANNEL, entre outros, também fizeram de sua grade, um porto seguro para a ignorância, nivelando os clientes por baixo. Presume-se assim, que se o espectador é brasileiro, logo, deve ser ignorante...

Resta-nos acompanhar de perto este movimento e ver se a opção mercadológica de considerar todos os brasileiros analfabetos, mostrou-se ou não um passo acertado destes canais, em sua presunção de que nossa população será incapaz de erradicar a ignorância.

Lucio Abbondati Junior

MOMENTUM

Entre os chineses há uma velha praga rogada que a primeira vista parece uma benção: “Que você viva tempos interessantes” - diz o que roga, àquele que recebe. Pressupõe-se que uma vida feliz deva ser tranqüila, desprovida de sobressaltos e reviravoltas proporcionadas pelos tais tempos interessantes...

Chegamos então, a um momento em que vivemos tempos interessantes, cercados por sobressaltos e reviravoltas, obstáculos e crateras, com mudanças tanto bruscas quanto inesperadas, envoltas por “campos minados” que podem destruir a nossa segurança de uma hora para outra, num simples passo em falso.

Para muitos, são estes momentos realmente uma maldição, já que acostumaram-se à uma “vida feliz”, tranqüila e imutável, onde as coisas se dão de forma lenta e gradativa, permitindo-lhes ir se acomodando aos poucos aos solavancos da realidade. Nada mais desejam do que uma modorrenta jornada, desprovida de novas cores ou paisagens.

Para outros, contudo, são chegados os tempos interessantes! Imprevisíveis, misteriosos, cheios de riscos e oportunidades e por isso mesmo, fascinantes! Excitantes como uma onda após a outra no mar, para quem sabe estar surfando feliz. Para o que olha de fora, as ameaçadoras ondas parecem todas iguais, mas para quem lá está, são apenas diferentes oportunidades, momentos que valem a pena ser vividos.

A tecnologia nos alcança em todos os momentos de nossa história, seja a pedra afiada que foi transformada em faca de corte, a roda que nos permitiu a locomoção ou as engrenagens, parafusos e polias que criaram toda a sorte de invenções. Estamos para a máquina e a tecnologia, como estamos frente a frente às mudanças. E a todo o momento, houve resistências, as mais diversas e intolerantes. Resistimos às mudanças por que elas nos impõem o novo, o assustador desconhecido. – O que farei? Como procedo para lidar com isso? – são as perguntas que nos amedrontam. Assim foi na revolução industrial, com o advento das máquinas, que “vieram para roubar o emprego dos trabalhadores!!”, como gritavam os Luditas à época, tal qual gritam agora as empresas de hoje, que enxergam na troca de dados e mídias, um risco para seus bem conhecidos e habituais meios de ganho.

Vivemos tempos interessantes, e enquanto uns perdem dinheiro, outros ganham milhões, licitamente, exatamente por enxergarem nestas “ondas”, oportunidades as quais devem e procuram adaptar-se. Brigam em vão os que as combatem, esmurrando as ondas que vem e vão, cientes que seus murros atravessam a água, sem diminuir em nada o seu movimento. Pobres daqueles que assim vivem seus tempos interessantes. Vêem escorrer por entre os dedos, o ganho que se acostumaram a receber, sem notar os que passam ao seu lado, com um sorriso nos lábios, surfando sobre os lucros, sem tentar aprisioná-los.

O que difere a maldição da benção, resume-se apenas no olhar daquele que enxerga problemas, ao invés de oportunidades. São dois lados de uma mesma moeda.

Toda mudança pode ser problemática, se a premissa apenas for sentir-se seguro. Embora não haja nada mais seguro do que a morte, ninguém a deseja. Crescer é mudar, viver é lidar com fatos novos, conhecer e expandir horizontes – viver tempos interessantes.

As indústrias de música, assim como as do áudio-visual, as literárias e lúdicas, já perceberam que estão vivendo seus tempos interessantes e o vêem como uma maldição. Um tempo onde o seu produto tangível deixa de ser a prioridade, tendo seu lugar tomado pela virtualidade e pelo conceitual. Elas o combatem, esmurrando a onda inexorável como um insano que espera pará-la a socos e pontapés, tentando proteger, horrorizadas, o seu castelo de areia, que vai sendo desfeito. Enquanto o fazem, deixam de olhar ao redor e perceber que a graça da praia também está no aprender a nadar e surfar.

Steve Jobs nunca foi um gênio em eletrônica, mas foi ele que levou a Apple, ao sucesso que aí está. Sua genialidade sempre foi surfar sobre as ondas, sem tentar contê-las. Ele percebeu que as pessoas destes tempos interessantes, não compram produtos, compram acesso a satisfação pessoal de seus desejos. Em suma, um estado de espírito. Querem, a qualquer hora e lugar, ainda que virtualmente, ligar-se diretamente aquilo que lhes dá prazer (um filme, uma música, um texto, um convívio, um momento na história...).

Se todos buscam acesso, Jobs lhes promete exatamente isso. E mais, numa embalagem tão elegante, que até agrega status de descolado, ao comprador. Os outros vendem equipamento, sejam computadores, CDs, DVDs, celulares, etc. Ele? Não! Proporciona uma experiência sensorial. Se querem música em qualquer lugar do planeta, ele lhes dá o Ipod. Pediram para falar com alguém, enquanto escutam música, tiram retrato, navegam na rede e olham fotos? Um Iphone. Navegar na rede, processar imagem, ouvir música, ao mesmo tempo e no mesmo lugar que podem fazer um trabalho, numa linda peça que parece uma obra de arte? Um Mac. Se pedem para poder levar a qualquer lugar, sai de sua fábrica uma versão portátil, fina como um envelope. Se houvesse uma demanda para usar no mar, ele acabaria providenciando...

Timming, é a razão de seu sucesso. Ele provê acesso a tudo a que seus ouvidos e seu bom senso tiver percebido como necessidade, de quem busca prazer! E agora! Não num futuro distante, no campo da ficção científica. Ele sabe que o produto material tem dias contados, logo ele os valoriza muito (produtos Apple ainda são caros), mas os serviços que proporcionam, como disponibilizar música, por exemplo, saem por apenas alguns trocados. Quer que sejam desprotegidas contra cópias? Ele lhes dá! Claro, ele sabe que não há como impedir que sejam copiadas, logo, por que protegê-las em primeiro lugar? Prefere ser visto como aquele que pensou no usuário.

Recentemente, reclamaram do preço e da velocidade. Reação da Apple? Um novo Iphone com eficiência dobrada, mas pela metade do preço... Timming é tudo.

Enquanto isso, o resto da indústria passa como o “dinossauro” insensível que cobra muito e penaliza todos os que querem ter acesso. Pobre dinossauros, que assim como os animais de outrora, também estão fadados à extinção.

O que fazer então, ò dinossauro? Uma pausa para olhar ao redor já seria um grande progresso. Vivemos tempos interessantes. Buscar no cliente o que ele deseja, lidar com o problema como uma oportunidade e perceber novas soluções e combinações usando o bom senso, dá uma boa pista do caminho.

Diz a teoria da evolução, que aquele que está mal adaptado ao meio que vive, tende a desaparecer, em prol do melhor adaptado. Faria bem às empresas olhar mais para o consumidor final e perceber o que ele vem buscando. Chamá-los simplesmente de piratas e persegui-los, só os coloca na defensiva, na condição de um novo inimigo da “grande e malvada corporação”.

Por que então não olhar o que se está procurando ter acesso e tentar sanar esta necessidade, mesmo que seja para ganhar apenas alguns centavos de cada um? Isto provavelmente poria milhões a mais nos cofres da companhia, que do contrário, estariam irremediavelmente perdidos nas redes da WEB.

Não é à toa, que hoje o Google é a empresa mais valorizada do mundo, a que mais cresce no momento, com um plantel de serviços ao usuário que só aumenta ano a ano. O que ela vende, e por isso ganha tanto, nestes tempos interessantes? Nada tangível, apenas acesso. Ela, assim como Jobs, já entendeu.

E você? Como tem vivido seus tempos interessantes?

Lucio Abbondati Junior

domingo, fevereiro 17, 2008

MARVA COLLINS, A EDUCADORA

Marva Collins é uma educadora americana que infelizmente, poucos conhecem no Brasil. Seu trabalho investe na excelência do ser humano, reconhecendo neste, o portador de um potencial ilimitado que deve ser estimulado a expandir-se.

Ela emprega no ensino o método socrático e o sucesso de seu trabalho fala per si. Aplicado exaustivamente a crianças de baixa renda, muitas até consideradas incapazes ou mesmo portadoras de um Q.I. rústico, sempre obteve resultados extraordinários, em pouquíssimo tempo.

Tornando seus alunos vorazes leitores e mesmo, excepcionais oradores, ela os estimulou a pensarem por si mesmos, tornando-os cidadãos independentes e confiantes, prontos para enfrentar os percalços da sofisticada sociedade em que vivemos.

Baseado no estudo estatístico da Universidade de Chicago (Curva de Bell), que demonstra que de cada 33 crianças oriundas de ambientes socialmente desprovidos, uma acaba morta, duas na cadeia, cinco passam a viver do seguro social, o Programa “60 Minutes” esteve em sua escola (a “Westside Preparatory”), em setembro de 1995, curiosos para descobrir o que teria acontecido a seus formandos. E o resultado foi mais que auspicioso: os graduados da Westside mostraram-se todos vivendo de forma bem sucedida, tanto na carreira profissional, como na vida acadêmica. Numa eficiência esmagadora, que dissolve qualquer dúvida sobre a validade de seu método, seus aprendizes tornaram-se profissionais e empresários bem sucedidos, que adicionaram valiosas contribuições à sociedade americana, muitos optando por carreiras ligadas aos setores culturais e educacionais.

Sua história foi inclusive vertida para um telefilme, muito exibido na década de 70 e 80 nas TVs brasileira e que só agora chega lá fora, aos DVDs (quem sabe, também chega por aqui, um dia).

Devemos lembrar sempre, que estes se originaram nos guetos da pobreza e dos locais desassistidos, mas que isto não os impediu, pela excelência do método, de alçarem os ápices da camada social.

Seus livros e sistema, infelizmente, ainda continuam ignorados no Brasil, sem uma devida publicação em nosso idioma, o que demonstra que para alguns, a ignorância ainda continua sendo motivo de duvidoso orgulho.

Apenas para dar um gostinho de sua filosofia de ensino e viver, seguem abaixo algumas afirmações desta excelente professora, pinçados de seus textos, trabalhos e prática:


  • "Há uma criança brilhante trancada dentro de cada estudante."


  • "Não tentem corrigir os estudantes, corrijamo-nos primeiro. O bom professor torna bom o mau aluno e o bom aluno, superior. Quando nossos estudantes falham, nós, como professores, também teremos falhado."


  • "Uma vez que uma criança aprenda a aprender, nada mais irá estreitar a sua mente. A essência do ensino é torná-lo contagioso, para que uma idéia dispare outra."


  • "Confie em si mesmo. Pense por si mesmo. Aja por si mesmo. Fale por si mesmo. Seja você. A imitação é suicida."


  • "A excelência não é uma ação, mas um hábito. As coisas que você faz a maior parte do tempo, são aquelas que você faz melhor".


  • "Determinação e perseverança movem o mundo; pensar que os outros farão as coisas por você, é escolher o caminho certo em direção ao fracasso."


  • "O Sr. Pretendia Fazer tem um amigo, seu nome é Não fiz. Você já os encontrou? Eles moram juntos, em uma casa chamada Fracasso. E ainda me disseram que ela é assombrada por um fantasma chamado Deveria Ter Acontecido."


  • "O sucesso não vem até você, você é que vai até ele."


  • "Se você não se permite cometer um erro, então não consegue concretizar coisa alguma."


  • "Personalidade é o que você sabe que é e não o que os outros pensam que você tem."


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Na postagem seguinte a essa, há uma tradução para o português de um texto da própria Marva Collins, onde ela dá alguns detalhes de seu método. Preferindo ler no original em inglês, basta clicar sobre ESTE LINK.

Não é ótimo ver como algumas pessoas conseguem construir o mundo, como ele realmente deveria ser?

Lucio Abbondati Junior

O MÉTODO MARVA COLLINS

Este texto foi retirado do blog da Professora Marva Collins, onde ela fala sobre sua forma de educar:

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Meu programa educacional e metodologia são baseados no método socrático. Sócrates foi um filósofo e professor ateniense que viveu entre 470 e 399 A.C. O método socrático ensina através do uso de uma série de perguntas e respostas, onde as definições lógicas, pontos de vista ou significado dos conceitos, são testados. O método socrático é baseado na análise lógica, o que conseqüentemente, desenvolve nos estudantes uma soberba capacidade de raciocínio.

Eu seleciono materiais de leitura que contenham idéias abstratas. Estas idéias podem ter e terão diferentes significados para os diferentes estudantes, que não determinam uma única resposta correta, mas diversas interpretações possíveis. Ex: Na “República” de Platão, Sócrates indaga o que é justiça e suas questões aos estudantes revelam que “justiça”, mostra-se um conceito que tem várias definições. O propósito do ensinar, eu acredito, não é apenas dominar materialmente conhecimentos factuais, mas também ensinar aos estudantes como pensar, encorajando-o a realmente pensar por si mesmo. A habilidade de raciocinar e analisar logicamente, irá continuar viva nos estudantes, mesmo que a retenção dos fatos memorizados se perca.

Antes de iniciar qualquer seleção de leituras, eu primeiro as leio previamente - é uma tolice tentar ensinar o que não se sabe - e delas extraio todas as palavras difíceis, que irão se tornar o vocabulário a ser aprendido pela classe. Cada estudante deverá ser capaz de pronunciá-las corretamente, utilizá-las e saber o significado de cada uma daquelas palavras, antes que comecem a leitura em classe. Não tem sentido partir direto para a leitura, se os estudantes não compreendem as palavras no material a ser lido. De outra forma, a leitura iria se tornar tediosa e incompreensível.

Em seguida, me refiro ao título da leitura, perguntando: “Sobre o que vocês imaginam que este texto trata?” - um processo que obtém informações sobre o título. Outras perguntas que podem ser feitas, precedendo a leitura, incluem: “Será esta é uma história sobre a perda?”,Uma boa consciência?” “Por que você(s) acha(m) isso?” – e a seguir, identifica-se o propósito da leitura daquela seleção. À medida que a leitura vai progredindo – esta deve ser feita em voz alta, nunca em silêncio – faço perguntas pertinentes, como: “O que você acha que vai acontecer?” pois o ato de prognosticar usa a lógica, a razão e a evidência, como forma a desenvolver as habilidades meta-cognitivas.

Os estudantes são então ensinados (estimulados) a examinar sua linha de raciocínio – “Que informação oriunda da leitura, embasa a sua resposta?” – o que ensina ao estudante, a importância das respostas baseadas em fatos, comparadas às interpretativas. Estes certamente irão melhorar seu desempenho nos testes padronizados, quando descobrirem como pensar tanto criticamente, quanto analiticamente. Provas normalmente não querem saber o que pensamos, elas medem apenas a correção das respostas factuais e com este método, os estudantes são ensinados a refrear conjecturas irracionais. O questionamento se torna um processo disciplinado, no qual cada estudante utiliza o grosso do conhecimento adquirido, dando evidencia à chegada de novas compreensões e vislumbres.

No método socrático, o professor controla o volume e o fluxo de informação. A compreensão tem lugar durante a leitura, em cada importante etapa e não ao fim de uma seleção. Este método encoraja a participação de todos os alunos, ao mesmo tempo em que reduz problemas disciplinares e eventualmente os elimina, completamente. Quando estudantes portam-se mal, indica que eles não desenvolveram o hábito de um correto raciocínio. Minha metodologia propõe-se a ensinar que escolhas têm conseqüências e eu uso disciplina, mas autodisciplina e não a punição para engajar o estudante no pensar correto. Na finalização deste processo de leitura, o professor deve intensificar gradativamente, a leitura de textos mais extensos, entre os períodos de parada, o que irá incrementar nos estudantes, sua habilidade de obter significado em longas leituras. Sempre pare em certos pontos do texto, para fazer perguntas, como por exemplo: “Por que você (o estudante) respondeu isso?” ou “Você consegue encontrar no texto, a frase ou parágrafo que sustenta a sua conclusão?”.

Os pontos de parada na leitura oral, devem ocorrer em lugares lógicos onde a história tem seus momentos de virada e também especialmente nas passagens altamente abstratas. Um mestre nunca deve se intimidar ante uma seleção de leituras mais difíceis ou trechos mais densos. A classe só se torna realmente boa, se o seu líder também o é! Sob controle de um professor, os momentos de parada nas abstrações permitem a realização de debates orais, refinamento de idéias e uso do vocabulário. Estas interrupções também provêm tempo para discussões, aumento das habilidades verbais e escritas, além do desenvolvimento do pensamento crítico.

Meu programa educacional não permite o estéril uso de trabalhos individuais, cronogramas abarrotados de atividades e livros de exercícios. Estas tão comumente chamadas ferramentas educacionais, não conectam idéias numa lógica através do processo. Elas não são capazes, nem podem ensinar às crianças, como ler ou como escrever. Partem da pressuposição que os participantes já sejam leitores independentes e que estejam imbuídos de habilidades críticas e analíticas, aptos a entender, sem a supervisão ou direcionamento, os pontos relevantes feitos pelo autor. Eu não uso cronogramas de atividades em minhas classes e eu não permito o seu uso por nenhum professor de minha escola.

Após completar a leitura dos textos selecionados, os alunos também devem escrever diariamente, cartas para os personagens dos textos lidos ou para o autor da obra, além comporem uma revisão crítica do que foi lido: “Com qual personagem mais se identificou?”, “Por quê?”, “O que o personagem o ensinou?”, “Que lição de vida, se houve alguma, aprendeu daquela leitura?”, “Por que aquela lição de vida é importante para ele?”. Aqui se percebe novamente, que livros de exercícios prontos e cronogramas de atividades pré-definidas nunca poderiam lhes permitir isto. Há uma diferença entre “estar ocupado trabalhando” e “estar refletindo sobre um trabalho”.

O método de ensino direto reforça as habilidades aprendidas em cada seleção lida. A criança é ensinada a usar o que foi aprendido anteriormente, como referência para embasar sua opinião. Estas referências podem vir de diversas fontes, como a poesia, os editoriais dos jornais, das revistas, dos grandes discursos, dos romances ou qualquer outro material impresso. Qualquer coisa, oriunda de qualquer lugar, é capaz de potencialmente prover um excelente material para o desenvolvimento das habilidades de raciocínio. Poderíamos comparar estas referências da mesma forma que um pedaço de papel representa as árvores, porque a madeira é processada até transformar-se em papel. Este mesmo pedaço de papel também representa a água que nutre a árvore, o lenhador que a cortou ou o caminhão que levou o tronco para processar na fábrica. Desta mesma forma, o ensino direto expande a mente além das duas capas de um livro e das quatro paredes de uma sala de aula. Livros textos com exercícios para completar espaços e métodos de padronização do aprendizado passo a passo nunca criam bons pensadores críticos. Há uma diferença entre ler palavras e compreendê-las. Há também uma enorme diferença entre saber ler e amar ler.

Minha metodologia de ensino tem a vantagem de estabelecer um ambiente em que se promove a obtenção da informação textual e conversacional, a construção de um vocabulário e de novos conceitos, a partilha e a expansão de idéias, obtendo a necessária atenção de todos os participantes. Com isto reduz-se a tendência de chutar respostas, além de ensinar o pensamento abstrato. O pensamento crítico envolve uma atitude geral de questionamento e suspensão do julgamento, criando o hábito de examinar antes de simplesmente aceitar. Professor e estudante passam então a buscar um mesmo objetivo - a partilha de conhecimento e informação. O ensino direto requer um novo comportamento por parte de ambos, professores e estudantes, o que implica em algum grau de mudança de atitude. Em minha longa carreira como mestre, eu aprendi que os benefícios valem este esforço. Uma vez que os professores tentem o método socrático ou método direto de ensino, eles nunca mais voltarão a qualquer coisa que não seja capaz de produzir esta “mágica” (no ensinar).

Marva Collins

(tradução de Lucio Abbondati Junior)

POR UM CURRÍCULO DE VIDA

Tive um amigo extraordinário.

Durante quase três décadas partilhamos nossos caminhos, sonhamos juntos, bebemos juntos, cantamos juntos. Partilhamos nossas descobertas e amores, as muitas dúvidas e algumas certezas, abrimos nossas mentes e almas e, inclusive, compartilhamos amigos.

Das inúmeras conversas, aprendemos a confiar a língua, a acolher os ouvidos, a compreender o olhar.

Tudo nele era sábio, porque manteve-se ao longo do tempo como curioso buscador, que apenas transigia, por amor, as limitações humanas, as incoerências dos queridos.

Gostava de cerveja quente, cantava mpb e era tremendamente habilidoso com as cordas do violão.

Coração e casa estavam sempre abertos, cada um era cada um, com suas histórias, dramas, felicidades. E assim seguiu amando a todos, julgando pouco, tentando ser feliz.

Não teve muitas posses, um apartamento de herança, livros, discos e o violão. Da profissão de psicólogo – claro, e o que mais seria ? – sustentava poucas contas, que às vezes, atrasavam.

Pouco ia ao cinema, ao teatro, então ..., não via televisão, nem sabia o que era moda ou caso passageiro de artista-celebração.

Gostava de estar com as pessoas, de com-versar, de ouvir os causos de cada um. Gostava de viajar, prá perto mesmo, que era o mais certo e melhor para entender os novos amigos que iria fazer. Não tinha computador, nunca entrou no orkut, mas sua rede de amigos era imbatível.

Partiu em 2001.

Disse-me que tinha muito trabalho a fazer do lado de lá e que seus compromissos aqui não faziam muito sentido. Voluntariou-se. Em seu período de coma transcedental os amigos reuniram-se, tantos, todos os dias, ansiosos, presentes, esperançosos de seu retorno, desejosos do seu ficar, resignados com seu partir.

Muitos não compreenderam aquela legião sempre presente, por dois meses, dedicando-se carinhosamente ao velho negro e pobre que deitado inerte, aguardava.

Para aqueles que não o conheceram, que não foram tocados por sua delicadeza, por seu estranho humor, por suas significâncias, para estes era mais um fracassado, quase um indigente.

Porém, para todos nós, ele foi e será sempre um objetivo. Sucesso total !

E o melhor, diria Chico, quanticamente, é que somos todos um e não há morte, só vida – eterno existir.

Lucia Vasconcellos Abbondati

terça-feira, janeiro 22, 2008

PENSE UM POUCO SOBRE ISSO...

Ouvimos certa vez, da parte de um grande amigo nosso, o Dr. Carlos Ernesto, um médico muito inteligente e dotado de um fino senso de humor, uma conclusão que aterrorizantemente vem se tornando cada vez mais plausível:

"Nós nos indignamos com os descalabros da saúde, da educação, da segurança e da ausência de ética, por que supomos que aqueles que estão no poder estejam trabalhando para que as coisas dêem certo. Se na verdade, eles estiverem trabalhando para que as coisas dêem errado, então está tudo dando certo".

quinta-feira, janeiro 17, 2008

SUCESSO para um novo mundo

Quando criança, não conseguia compreender como os adultos mudavam do canal da TV da Pantera-Cor-de-Rosa para o do Repórter Esso! Por que era tão importante a cotação da Bolsa, o discurso do político, a recessão, o aumento dos impostos, a Copa do Mundo, os concursos de beleza? Na verdade, até hoje eu não entendo isso muito bem, afinal, era o desenho da Pantera-Cor-de-Rosa, puro encantamento!!

Em minha compreensão infantil, estas coisas estavam vinculadas apenas ao trabalho e a sobrevivência, em resumo, à obtenção de sucesso.

Darwin, em sua pesquisa, fez a mesma vinculação. Apenas criaturas plenamente aptas sobreviviam ao meio, conquistavam parceiros e procriavam sua espécie, o que para ele, representava sucesso absoluto.

Para meu amigo Robson, sucesso seria – quando adulto – carregar uma bela pasta de couro, cheia de papéis misteriosos e importantíssimos para a empresa da qual seria o presidente, é claro!

Já para Ana Lucia, sucesso seria um marido lindo, rico, que a amasse loucamente e elogiasse sua beleza diariamente, mesmo quando esta não mais existisse.

De nosso tempo de crianças para cá, pouca coisa mudou. Os desejos de sucesso continuam sendo o resultado de tudo o que nos ensinaram a apreciar e a valorar.

O mundo, entretanto, mudou.

Derrubamos alguns muros e erguemos outros, alteramos o curso de rios, destruímos florestas, incendiamos o mar, mudamos as fronteiras dos países e, claro, fizemos guerras – com todas as suas terríveis conseqüências.

Gaia, nossa mãe Terra, caiu enferma de uma grave doença e nós, os humanos, tornamo-nos o vírus desse processo crônico. Nos auto-replicamos implacavelmente, eliminamos quaisquer concorrentes, subjugamos as terapias pontuais e continuamos nossa devastadora existência.

Chegamos então a um momento curioso da história humana. Começamos a compreender que o sucesso de nossa sobrevivência só é possível com a restauração de Gaia. Todo suporte básico da manutenção de nossa vida neste planeta, depende da radical mudança cultural daquilo que valoramos e reverenciamos como símbolos de status e poder. Coisas simples como água, alimento e ar, sendo compartilhados fraternalmente por todos os povos e criaturas, daqui a mais sete gerações e depois mais sete, devem ser o objetivo permanente da nossa condição de sucesso neste século XXI.

Devemos almejar a perfeição. Este é o mantra de Oscar Motomura, presidente do grupo Amana-Key, de consultoria e gestão de negócios, inspiração constante para os executivos e antenados em geral, na causa da vida em nosso planeta-lar.

Devemos almejar a perfeição em tudo o que somos e em tudo o que fazemos. Nesta busca sim, reside o caminho para a solução do problema que nos
tornamos.

Assim, quem sabe, poderemos voltar a apreciar o mundo, com alegria de criança, onde e quando será possível assistirmos rejubilados, a Pantera-Cor-de-Rosa.

Lucia Vasconcellos Abbondati

terça-feira, janeiro 08, 2008

2008 - UM ANO RAUL SEIXAS

Procurar caminhos totalmente inusitados, blefar com o perigo, testar os limites, agir impulsivamente, correr riscos, ser irreverente...Estas são algumas características para 2008, cuja regência no tarot é compartilhada pelos Arcanos X – A Roda da Fortuna, I – O Mago e 0 – O Louco.


Um ano que traz em si o poder e a força do Arcano I, O Mago com todo impulso da energia que começa alguma coisa. A explosão cósmica celeste que criou o universo, o espermatozóide vencedor que fertiliza o óvulo, como mais tarde, o próprio parto, são exemplos de explosões de energia de algo novo. Assim, é um bom ano para se iniciar projetos inovadores, mudar de emprego ou de área de atuação, investir em novos relacionamentos, enfim dar o pontapé inicial do jogo que se inicia em 2008.


Soma-se a essa energia que é criadora por excelência, a energia do Louco, a atração pelo desconhecido, por não querermos seguir os padrões já determinados, por nos atrevermos a experimentar outras possibilidades além das já conhecidas. 2008 deseja sabores novos, ricos e diferentes, incluindo aí, experiências que testam e desafiam os conceitos comportamentais do cotidiano. Esportes radicais vão estar em alta, assim como o turismo de aventura.


A Roda da Fortuna nos traz um aprendizado muito importante. Este arcano (mistério) traz à tona, expõe claramente, nossos diabinhos, nossos monstros internos. Aqueles sentimentos e características que fazem parte de nosso lado obscuro, mas que, sem dúvida, nos tornam humanos e inteiros. Medos, culpas, egoísmo, vaidade, ciúme, inveja, maledicência são alguns exemplos do nosso lado sombra que precisam ser reconhecidos para que possam nos auxiliar quando necessário. Negá-los só os fortalecem, já dizia Carl Gustav Jung.

Ou seja, este é um ano em que vão ocorrer muitas situações para nos conhecermos mais e melhor. Entretanto é necessário que tenhamos muita atenção para não corrermos riscos exagerados e/ou desnecessários, e nem colocarmos em perigo aqueles que amamos.

Neste 2008 precisamos de muito foco e concentração para aproveitarmos bem a força e o impulso gerador e realizarmos coisas bela e produtivas.

Bom ano para:

  • A física quântica
  • Terapias alternativas para a saúde
  • Tecnologia e informática
  • Ficção científica
  • Arte e mídias digitais
  • Expedições espaciais e científicas em geral

Cuidado com:

  • Incremento bélico
  • Movimentos sísmicos com ativação vulcânica
  • Crimes seriais por sociopatas
  • Surtos provocados por desequilíbrio mental-emocional

Buscar o prazer lúdico e a auto-expressão criativa será a chave do bem-viver neste 2008 e daqui pra frente.

Um abraço, muita alegria, saúde e paz!!

Lucia Vasconcellos Abbondati


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